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Na pandemia, muitas mulheres se viram obrigadas a tolerar agressões

Vulneráveis financeiramente, mulheres de todo o mundo não tiveram alternativa a não ser conviver com violência em suas casas

Internacional|Letícia Sepúlveda, do R7

Protesto durante o Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher em Caracas
Protesto durante o Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher em Caracas Protesto durante o Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher em Caracas

A falta de perspectivas em meio à pandemia da Covid-19 fez com que muitas mulheres ao redor do mundo não conseguissem sair de situações de violência, acentuadas pelo confinamento social. 

Quase uma em duas relatou experiências diretas ou indiretas de violência desde o início da pandemia. O dado está no relatório "Covid-19 e violência contra a mulher: o que os dados nos dizem", divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas) na última quarta-feira (24), em meio às preparativos para o Dia Internacional do Combate à Violência contra a Mulher. 

O levantamento reúne dados de pesquisas feitas em 13 países de vários continentes (Quênia, Tailândia, Ucrânia, Camarões, Albânia, Bangladesh, Colômbia, Paraguai, Nigéria, Costa do Marfim, Marrocos, Jordânia e Quirguistão).

Paula Machado, coordenadora do Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher, explica que "muitas perderam seus empregos, mesmo os informais, durante a pandemia. Essa feminização da pobreza não veio necessariamente acompanhada de políticas públicas."

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"As vítimas não conseguiram sair de situações de violência por não terem outras possibilidades de sobrevivência do ponto de vista mínimo existencial (...) para elas, nada restou a não ser tolerar a agressão, colocando suas vidas em risco.”

A OMS (Organização Mundial da Saúde) alertou no começo da cris, em abril de 2020, que, a violência contra a mulher tende a aumentar em todos os tipos de emergência, incluindo epidemias. Idosas e mulheres com deficiência são mais suscetíveis a riscos. Além disso, refugiadas e afetadas por conflitos são particularmente vulneráveis. 

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De acordo com a ONU, sete em cada dez entrevistadas no relatório acreditam que a crise sanitária piorou a situação. Para Paula, "a violência doméstica sempre existiu, a pandemia acentua os desafios que nós já estávamos enfrentando". 

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"Muitas vezes os sistemas de justiça não acolhem as vítimas nas suas demandas. É preciso ter um acolhimento não revitimizador, onde a mulher não se sinta julgada. (...) a ausência da atuação dos órgãos em rede também faz com que a vítima sinta que terá que enfrentar um caminho muito longo para conseguir assistência."

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A violência contra a mulher pode resultar em graves lesões físicas, mentais, sexuais e em problemas de saúde reprodutiva. Além disso, em meio a uma crise sanitária, a interrupção de redes de apoio e a diminuição do acesso aos serviços podem exacerbar o risco de agressões.

"Durante muitos anos, eu acredito que as violações que essas meninas e mulheres viveram neste pandemia vão se refletir nas gerações que estão crescendo. Então, é importante esse olhar de que a gente precisa de modo coletivo ter o compromisso de não tolerar nenhuma forma de violência contra as mulheres."

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