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No julgamento de El Chapo, Abadía detalha como era o tráfico pelo mar

Megatraficante colombiano explicou como eram as operações de tráfico pelo oceano, prejuízos milionários e como um barco 'simplesmente desapareceu'

Internacional|Fábio Fleury, do R7


Desenho representa depoimento de Juan Carlos Abadía no julgamento de El Chapo
Desenho representa depoimento de Juan Carlos Abadía no julgamento de El Chapo

O megatraficante colombiano Juan Carlos Abadía voltou a depôr nesta segunda-feira (3) no julgamento do traficante mexicano Joaquín 'El Chapo' Guzmán, em uma corte federal no Brooklyn, em Nova York (EUA). Ele contou detalhes e histórias de como transportava toneladas de cocaína pelo mar.

Abadía explicou sobre como perdeu toneladas de drogas — com prejuízos de milhões de dólares — em dois naufrágios e explicou como o cartel do Norte do Vale, que ele liderava na Colômbia, trabalhava em parceria com o cartel de Sinaloa (México), comandado por Chapo.

Segundo o colombiano, os cartéis decidiram mudar a rota de transporte de drogas para os EUA. Os pequenos aviões começaram a ser mais visados na região da fronteira e, com isso, a solução encontrada foi o oceano.

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Encontros no meio do mar

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No começo, eles usavam barcos de pesca, que transportavam a droga do México até águas territoriais norte-americanas. Eles ancoravam em alto-mar, a cerca de 20 quilômetros da costa e passavam a carga para lanchas que levavam o 'produto' para dentro dos EUA.

Conforme as agências de repressão foram vigiando mais a costa, esses encontros foram sendo realizados mais e mais longe do litoral. Chegou a um ponto em que a carga era transferida a mais de 1,6 quilômetro da costa dos EUA.

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Abadía destacou que todas essas operações foram realizadas com as bênçãos do mexicano Juan José 'El Azul' Esparragoza, um dos fundadores do cartel de Sinaloa e padrinho de Chapo na organização. Ele não comandava as operações diretamente nesse período, mas nada era feito sem que ele soubesse.

Controle de preços

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Segundo o colombiano, nessa época ele enviava tanta coca aos EUA que conseguia controlar o preço das drogas. "Muitas vezes eu mandava guardarem a cocaína até o preço subir, para lucrar mais", contou ele no tribunal.

No entanto, as operações muitas vezes eram mal-sucedidas. O chefão relatou sobre um barco com mais de 20 toneladas de cocaína, que foi da Colômbia até o México, mas que não terminou a viagem até os EUA.

Em seu relato no tribunal, Abadía contou que o capitão da embarcação começou a consumir a droga e, em um delírio de paranoia, achou que estava prestes a ser abordado pela Guarda Costeira norte-americano e afundou o barco.

O cartel ficou mais de um ano procurando pela droga e, usando mergulhadores, conseguiu encontrar o carregamento no fundo do oceano Pacífico. Com ajuda de um químico, eles recuperaram parte da carga e o produto chegou a ser vendido.

Prejuízo milionário

Abadía também afirmou que, algum tempo depois, outro barco, com 15 toneladas de pó, simplesmente desapareceu no mar e nunca mais foi localizado. "O barco desapareceu, a tripulação também, tudo desapareceu", disse.

Dessa vez, Chapo pagou o prejuízo ao colombiano: a bagatela de US$ 43 milhões (cerca de R$ 165 milhões).

Nos anos seguintes, Abadía teve duas embarcações apreendidas pelas autoridades norte-americanas e perdeu cerca de 22 toneladas de cocaína no total. Foi a partir daí que ele deixou de vender nos EUA e passou a apenas fornecer aos cartéis mexicanos. 

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