Nove alpinistas estrangeiros são assassinados pelo taleban no Paquistão
Ataque foi realizado para vingar a morte do número dois da organização islâmica
Internacional|Do R7

Ao menos nove alpinistas estrangeiros, incluindo cinco ucranianos, foram mortos a tiros na madrugada deste domingo (23) no Himalaia paquistanês, em um ataque sem precedentes nesta região pacífica reivindicado pelo taleban paquistanês.
De acordo com a televisão estatal PTV, além dos ucranianos, entre as vítimas estão chineses e russos. O embaixador da Ucrânia em Islamabad declarou que "pelo menos dez pessoas foram mortas, incluindo cinco ucranianos".
O ataque ocorreu em um acampamento de base em Nanga Parbat, a nona montanha mais alta do mundo, com 8.126 metros, no distrito de Diamer, na província de Gilgit-Baltistan.
"Havia nove estrangeiros e um paquistanês. O incidente ocorreu por volta das 22h00. Eram todos alpinistas", indicou à AFP um oficial da polícia de Diamer, Mohammed Naveed.
O primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, imediatamente condenou este ataque, cometido em uma região onde nunca antes havia sido registrado ataques atribuídos a rebeldes islâmicos.
— Tais atos cruéis e desumanos são intoleráveis. Faremos todos os esforços para assegurar que o Paquistão seja um lugar seguro para os turistas.
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Os rebeldes extremistas, em guerra com as autoridades paquistanesas acusadas de se aliarem aos Estados Unidos, mataram mais de 6.000 pessoas em ataques nos últimos seis anos no Paquistão.
O taleban paquistanês assumiu a autoria deste ataque. O porta-voz do movimento, Ehsanulá Ehsan, declarou à AFP por telefone que o ataque foi em nome de "uma de nossas facções, a Junood ul Hifa", e que foi realizado para vingar a morte, em maio, do número dois do taleban paquistanês, Wali ur Rehman, em um ataque realizado por um avião não-tripulado (drone) americano.
Junood ul Hifa é uma nova facção criada pelo taleban "para atacar os estrangeiros e lançar a todo o mundo a nossa mensagem contra os ataques de aviões não-tripulados", explicou o porta-voz.
As primeiras informações oficiais indicavam a morte de dez pessoas no ataque contra os alpinistas.
"Um grupo de homens armados disparou contra eles. Temos a confirmação de que todos morreram", segundo o porta-voz da polícia, Mohamed Maveed.
— Enviamos helicópteros para recuperar os corpos. Há uma operação de busca em curso, todos os pontos de entrada e saída [na região] foram fechados.
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A província de Gilgit Baltistan foi palco, no passado, de ataques sangrentos contra a minoria xiita, mas as regiões turísticas próximas ao Himalaia são consideradas muito seguras.
O chefe do governo provincial, Syed Mehdi Shah, afirmou que a dificuldade se dá pela localização.
— A região está isolada nas montanhas. Não há ligação rodoviária e não é acessível, exceto por mula, cavalo ou a pé.
O primeiro-ministro Sharif expressou o apoio "do povo e do governo do Paquistão" às famílias das vítimas.
Sharif venceu as eleições legislativas de 11 de maio, 13 anos depois de ter sido deposto por um golpe militar. Esta é a terceira vez que ocupa o cargo.
Durante a campanha eleitoral, Sharif se declarou aberto à ideia de negociações de paz com o movimento do taleban paquistanês (TTP).
Mas esta proposta parece ter provocado temores no poderoso Exército do país, que combate os rebeldes. Uma vez eleito, Sharif disse que sua prioridade era acabar com os disparos dos drones americanos, que atacam os talebans e seus aliados da Al Qaeda no noroeste do país, muitas vezes causando vítimas entre os civis.
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