“O islã não censura a imprensa, mesmo com sátiras”, diz teólogo especializado na religião
Atentado contra jornal de Paris deixou 12 mortos nesta terça-feira
Internacional|Marta Santos, do R7
Aos gritos de "vingamos o profeta", homens armados invadiram nesta quarta-feira (7) a sede do jornal Charlie Hebdo, que, recentemente, publicou caricaturas do profeta Maomé.
Além de matar 12 pessoas e ferir outras dez, o atentado também feriu a liberdade de imprensa, supostamente, em nome da religião.
No entanto, para o Sheik Houssam El Boustani, teólogo especializado em islã, “mesmo com as sátiras publicadas pelo jornal, a religião jamais censuraria ou tentaria qualquer vingança deste tipo contra um veículo ou profissionais da imprensa”, disse Boustani, em entrevista ao R7.
— A religião islâmica é uma religião pacífica. Infelizmente algumas pessoas, seja por vingança ou por não entender o espírito da religião, usam o islã para fazer esse tipo de barbárie.
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A sede do Charlie Hebdo havia sido alvo de ataque com uma bomba incendiária em novembro de 2011 após o jornal ter publicado uma imagem do profeta Maomé em sua capa.
A última publicação do jornal teria como tema críticas contra EI (Estado Islâmico), que tem aterrorizado regiões no Iraque e na Síria.
“O EI não representa os muçulmanos de todo o mundo. O governo islâmico verdadeiro não diminui a liberdade, seja liberdade religiosa ou de expressão”, explica o Sheik.
— A religião islâmica dá toda a liberdade para que as pessoas falem o que pensam, ainda mais se forem jornalistas.