Butch Wilmore e Suni Williams ficaram nove meses a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS) antes de retornarem à Terra, na terça-feira (18). Esse período no espaço afetou diretamente na aparência deles, deixando a impressão de que eles haviam “envelhecidos” anos em pouco tempo. O que pode ter acontecido com os dois astronautas?Williams, 59 anos, cuja aparência “magra” já havia causado preocupações com a saúde, pisou em terra firme exibindo longos cabelos grisalhos, um visual bastante diferente de quando ela partiu para a missão espacial, no ano passado.Cientistas já sabem que a microgravidade a bordo da ISS afeta os cabelos. Presos fora da atração gravitacional da Terra, os folículos capilares nas cabeças dos astronautas começam a sofrer alterações genéticas que suprimem o crescimento.Um estudo publicado em 2016 por cientistas da Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA) descobriu que a microgravidade altera a expressão genética nos folículos capilares humanos.O estudo coletou amostras de cabelo de dez astronautas que viveram na ISS por seis meses. Essas amostras mostraram que o voo espacial aumentou a ativação de certos genes que restringem o crescimento do cabelo. No artigo, Masahiro Terada, pesquisador da JAXA, escreveu:“Descobrimos que o voo espacial altera a expressão genética do folículo piloso humano. Em alguns astronautas, genes relacionados ao crescimento capilar, como FGF18, ANGPTL7 e COMP, foram regulados positivamente durante o voo, sugerindo que o voo espacial inibe a proliferação celular nos folículos capilares.”As mudanças também foram mais acentuadas em homens do que em mulheres.“Embora existam muitas diferenças, como níveis hormonais ou funções entre homens e mulheres, as astronautas parecem ter uma melhor resposta às características do ambiente espacial. Por exemplo, a expressão de FGF18 em mulheres foi mais estável no espaço do que em homens”, escreveu Terada.Atualmente, não há nenhuma pesquisa direta sobre se o tempo gasto no espaço causa o envelhecimento dos cabelos.Por outro lado, pesquisas apontam que os astronautas passam por algo chamado “estresse composto de voo espacial de longo prazo”, uma combinação de múltiplas fontes de estresse exclusivas do espaço, como microgravidade, isolamento, confinamento, ruído constante e perturbação do ritmo circadiano.Há evidências de que o estresse faz com que os cabelos fiquem grisalhos ao desencadear o reflexo de luta ou fuga do corpo. Quando isso acontece, o sistema nervoso do seu corpo libera uma substância química chamada norepinefrina nos folículos capilares, o que deixa o cabelo grisalho ou branco.Por enfrentarem uma situação de estresse durante a estadia na ISS, Williams e Wilmore, de 62 anos, podem ter ganhado alguns fios grisalhos a mais antes de finalmente chegarem em casa.Além disso, durante a missão, ambos enfrentaram as consequências típicas da exposição ao ambiente espacial: redução da massa muscular, perda de densidade óssea e alterações metabólicas.Na microgravidade, os ossos podem perder até 1,5% de sua densidade a cada mês, tornando-se mais frágeis e suscetíveis a fraturas. Para minimizar esses impactos, os astronautas seguem uma rotina rigorosa de exercícios, combinando atividades aeróbicas e de resistência.