O que se sabe sobre o satélite espião lançado pela Coreia do Norte
Regime do ditador Kim Jong-un teria recebido apoio da Rússia para enviar o equipamento ao espaço, na última terça-feira
Internacional|Do R7, com EFE
O lançamento do satélite espião Malligyong-1 pela Coreia do Norte, após duas tentativas fracassadas, representa um passo importante para o regime do ditador Kim Jong-un no quesito inteligência. Embora não haja confirmações de que ele tenha entrado em órbita, o governo norte-coreano já divulgou informações provocativas.
O lançamento ocorreu na terça-feira (21). No dia seguinte, a agência estatal de notícias do país informou que o Malligyong-1 havia fotografado bases dos Estados Unidos na ilha de Guam, no oceano Pacífico.
A Coreia do Norte teria recebido ajuda da Rússia para enviar o satélite ao espaço. O equipamento pesa cerca de 300 kg e pode orbitar a uma altitude de 512 km.
"Há informações que sugerem que o Norte forneceu planos e dados sobre os veículos que utilizou nas suas duas primeiras tentativas e que a Rússia forneceu sua análise a respeito", afirmou em entrevista coletiva o deputado do governante e conservador Partido do Poder Popular da Coreia do Sul, Yoo Sang-bum.
Uma fonte militar sul-coreana garantiu nesta semana que, mesmo antes de uma cúpula entre Vladimir Putin e Kim Jong-un, em setembro, a Rússia conseguiu transferir um motor de combustível líquido de cerca de 80 toneladas para a Coreia do Norte, e que aparentemente engenheiros russos visitaram o país asiático após a reunião de setembro.
A isso soma-se o fato de, horas depois do lançamento do foguete espacial, ter aterrissado em Pyongyang um avião de passageiros frequentemente utilizado pelo Ministério da Defesa russo, que já viajou para a capital norte-coreana no fim de setembro e no início de novembro, sob a suspeita de que pudesse estar transportando técnicos e engenheiros.
A primeira tentativa de lançamento do satélite foi em 31 de maio deste ano, mas o segundo estágio do veículo de lançamento foi acionado muito cedo.
Em 23 de agosto, na segunda tentativa, houve a perda do satélite, causada por um erro de sistema. Havia sido marcada uma nova data, mas que acabou adiada para 21 de novembro devido à correção de problemas técnicos.
O possível uso de um satélite espião pela Coreia do Norte foi condenado por países como EUA, Japão e Coreia do Sul,
Em resposta, o governo de Pyongyang diz que tem direitos soberanos e legítimos para o lançamento de satélites espiões como forma de resposta ao que chama de ameaças lideradas pelos Estados Unidos.
Por outro lado, resoluções aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU (Organizações das Nações Unidas), inclusive com voto da Rússia, proíbem que o país comandado por Kim Jong-un utilize esse tipo de tecnologia, por considerá-la uma cobertura para testar seus mísseis de longo alcance.