‘Os Brics não se contrapõem ao G7′, diz embaixador da Rússia
Para Alexey Labetskiy, tese de que os Brics são contra o G7 é invenção de quem quer impor mundo unipolar que já não existe
Internacional|Carlos Eduardo Bafutto, do R7, em Brasília
Em coletiva nesta quinta-feira (31), na Embaixada da Rússia no Brasil, o embaixador russo, Alexey Labetskiy, disse que não está de acordo com a suposta tese de que os Brics se contrapõem ao G7. “Nunca. Os Brics foram criados como fórum de cooperação em prol de desenvolvimento dos membros. A tese de que os Brics são contra o G7 é uma invenção dos politólogos que querem impor o mundo unipolar que já não existe", afirmou o diplomata.
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O G7 é o grupo dos sete países mais industrializados do mundo mais a União Europeia. Participam, além do bloco europeu, Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. A Rússia já fez parte do grupo (que se chamava G8), mas foi suspensa em 2014 por causa do conflito em torno da anexação da Crimeia.
Delegação russa no encontro do G20
Sobre o encontro do G20 em novembro, no Rio de Janeiro, Labetskiy afirmou que o chefe da delegação russa será anunciado em breve. “Nós partilhamos os objetivos que foram declarados pela presidência brasileira do G20, e entre estes objetivos as questões geopolíticas não figuram. As questões geopolíticas figuram só nas cabeças dos que querem punir a Rússia", afirmou. “A delegação russa será de nível alto", acrescentou.
O G20 é o grupo que reúne as principais economias do mundo mais a União Africana e a União Europeia.
O presidente Vladimir Putin não virá ao Brasil, segundo o Kremlin, para não tirar o foco de atenção do encontro. Putin tem um pedido de prisão decretado pelo Tribunal Penal Internacional por supostos crimes de guerra cometidos durante a invasão da Ucrânia.
A decisão do presidente russo de não vir foi tomada quatro dias após o procurador-geral da Ucrânia pedir ao Brasil que cumprisse o mandado de prisão contra Putin caso ele viesse ao evento.
A cúpula de líderes do G20 será realizada entre os dias 18 e 19 de novembro e terá a participação dos 19 países-membros do grupo, além da União Europeia e da União Africana.
Labetskiy disse também que a Rússia compartilha de todos os objetivos declarados pela presidência brasileira no G20.
“Na semana passada, por exemplo, participei de dois eventos importantes. Fui ao encontro dos procuradores-gerais do G20, no Rio de Janeiro. Foi importante, e nosso procurador-geral participou também. Depois, chefiei a delegação russa no estudo das questões ligadas à corrupção, em Natal [RN]. Daqui a cinco dias, vamos ter o início do G20 parlamentar em Brasília.
Sanções impostas à Rússia
Labetskiy comentou também as sanções impostas à Rússia por países do Ocidente.
“As sanções empreendidas contra a Rússia influenciaram nossa economia e nosso setor bancário. Mas essa influência, em sua maior parte, foi inesperada para quem aplicou as sanções porque puxou nosso desenvolvimento econômico e reabriu o desenvolvimento técnico e militar. E o crescimento da economia da Rússia está duas vezes maior que o crescimento dos países assim chamados desenvolvidos", afirmou.
Reunião do G20
O espaço que vai sediar a reunião do G20 no Rio de Janeiro já está pronto para receber as lideranças mundiais.
Na quarta-feira (30), foi entregue a obra de revitalização do Museu de Arte Moderna. Participaram da cerimônia o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), a primeira-dama da República, Janja da Silva, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.