Parlamento espanhol aprova remoção de corpo do ditador Franco
Decreto prevê que o local onde se encontram os restos mortais do general seja transformado em um memorial para as vítimas da Guerra Civil
Internacional|Gabriela Lisbôa, do R7, com Reuters
O Parlamento espanhol aprovou nesta quinta-feira (13) o decreto para retirar o corpo do ditador Francisco Franco do local onde está sepultado, o monumento conhecido como "Vale dos Caídos", em Madri, na Espanha. O decreto já tinha sido aprovado pelo governo no fim do mês de agosto.
O projeto prevê que o local, hoje um memorial franquista, seja transformado em um memorial para as vítimas da guerra civil espanhola, que aconteceu entre 1936 e 1939. O conflito acabou com a vitória da aliança Nacionalista, grupo conservador liderado pelo general Fraco, que assumiu o governo e permaneceu no cargo até sua morte, em 1975.
Durante seu governo, quase 500 mil combatentes foram mortos e outros milhares presos em meio a uma campanha para acabar com a dissidência. Crimes políticos passados foram perdoados como parte da transição da Espanha para a democracia no final dos anos 1970, fomentando o ressentimento entre algumas famílias de vítimas. Muitas ainda esperam permissão para desenterrar restos mortais de guerra no Vale dos Caídos e em dezenas de sepulturas não identificadas em todo o país.
Críticos consideram o local, assinalado por uma cruz de 152 metros de altura, o único monumento a um líder fascista ainda existente na Europa.
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O projeto de lei tinha o apoio dos socialistas governantes, do Povo de esquerda e dos partidos regionais menores e passou com 176 votos a favor, mas houve 165 abstenções e dois contra.
Muitas pessoas acompanharam a votação dentro e fora do parlamento, mas os planos para mover os restos de Franco dividiram a sociedade espanhola.
Seus descendentes divulgaram uma declaração no mês passado expressando sua oposição "firme e unânime" à exumação. O comunicado disse que a família espera que a ordem beneditina encarregada do local, que é marcada por uma cruz de 152 metros, impeça a "vingança" do Estado.
O governo do primeiro-ministro Pedro Sánchez espera que a exumação de Franco ajude a resolver as queixas do período de seu governo que ainda lança sombra sobre o país.
O processo legislativo para tornar o monumento "um local de celebração, lembrança e homenagem às vítimas da guerra" deve ser concluído até o final do ano, segundo a vice-premiê Carmen Calvo.