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Por que ultimato da China a rebeldes de Mianmar ameaça o fornecimento global de terras raras pesadas

Minerais são indispensáveis para a fabricação de ímãs utilizados em turbinas eólicas, veículos elétricos e equipamentos de defesa

Internacional|Do R7

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Especialistas alertam que, se a interrupção persistir, o mercado de terras raras pode enfrentar déficit até o fim do ano
Especialistas alertam que, se a interrupção persistir, o mercado de terras raras pode enfrentar déficit até o fim do ano Tom Fisk/Pexels

A ameaça da China de bloquear a importação de terras raras extraídas de áreas controladas por rebeldes em Mianmar colocou em risco parte fundamental da cadeia global de suprimentos de minerais estratégicos. O impasse envolve diretamente o Exército de Independência Kachin (KIA), grupo insurgente que busca a autonomia do povo Kachin em Mianmar, que combate a junta militar do país pela cidade de Bhamo, a menos de 100 quilômetros da fronteira chinesa.

Quase metade do fornecimento mundial de terras raras pesadas, como disprósio e térbio (elementos com propriedades magnéticas), vem do estado de Kachin, onde o KAI assumiu o controle das principais minas em outubro de 2024. Esses minerais são indispensáveis para a fabricação de ímãs utilizados em turbinas eólicas, veículos elétricos e equipamentos de defesa —setores estratégicos da economia chinesa. Após a ofensiva do KIA sobre o cinturão mineral, a produção caiu e os preços dispararam.


RESUMO DA NOTÍCIA

  • A China ameaça bloquear a importação de terras raras de áreas controladas por rebeldes em Mianmar, afetando a cadeia global de suprimentos.
  • O Exército de Independência Kachin (KIA) controla minas em Kachin, essenciais para a produção de ímãs em setores estratégicos.
  • Apesar das ameaças chinesas, o KIA continua a ofensiva militar sem aceitar incentivos comerciais propostos por Pequim.
  • A batalha por Bhamo causa destruição generalizada, com consequências humanitárias e impacto na oferta de combustíveis e medicamentos na região.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

A cidade de Bhamo, onde os confrontos se intensificaram, é um centro logístico da junta que atualmente governa o país. A ofensiva rebelde do KAI visa romper o domínio militar sobre rotas comerciais e bases estratégicas. A China, que detém o monopólio global no processamento de terras raras pesadas, manifestou oposição direta à escalada do KIA e emitiu um ultimato ao grupo: cessar os ataques contra Bhamo ou enfrentar o bloqueio das exportações minerais.

O alerta foi transmitido por diplomatas chineses em maio, durante uma reunião com representantes do grupo rebelde. Além da ameaça, Pequim ofereceu incentivos comerciais, como a ampliação do comércio transfronteiriço com os territórios sob controle rebelde. O KIA, no entanto, recusou a proposta e seguiu com a campanha militar.


Dados da alfândega chinesa indicam que, nos cinco primeiros meses de 2025, as importações de terras raras de Mianmar somaram 12.944 toneladas, metade do registrado no mesmo período do ano anterior. Apesar disso, houve alta de mais de 20% entre abril e maio, sugerindo que os impactos do conflito ainda são instáveis. Especialistas alertam que, se a interrupção persistir, o mercado pode enfrentar déficit até o fim do ano.

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Conflito em Mianmar

A guerra civil em Mianmar começou após o golpe militar de 2021, e desde então a junta perdeu parte do território para forças étnicas armadas. O KIA, com cerca de 15 mil combatentes, é uma das facções mais organizadas do país. Segundo analistas, o grupo acredita que a China, apesar das ameaças, continuará comprando os minerais por necessidade industrial.


O papel de Pequim vai além da pressão diplomática. O governo chinês fornece jatos e drones à junta militar e já mediou acordos em outras regiões estratégicas. Para especialistas da região, a preocupação principal da China não é o desfecho da guerra, mas a estabilidade nas áreas onde mantém interesses econômicos.

A batalha por Bhamo provocou destruição generalizada na cidade. O KIA isolou unidades militares em bolsões, mas a junta mantém superioridade aérea e tem bombardeado alvos urbanos. Imagens de satélite apontam para danos significativos causados por ataques aéreos. Civis, incluindo crianças, foram mortos, e escolas e locais religiosos foram destruídos.


A liderança rebelde afirma que a captura de Bhamo poderia alterar o equilíbrio da guerra. Para o KIA, o controle total do estado de Kachin obrigaria Pequim a negociar diretamente com os rebeldes, marginalizando a junta. Ativistas locais alertam, no entanto, para o impacto humanitário do conflito e o agravamento da escassez de combustíveis e medicamentos em meio às restrições impostas na fronteira.

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