Premiê francês diz que não recuará em reforma de estatal de trens

Sindicatos realizarão greves de dois dias a cada cinco dias durante três meses contra a reforma que muda gestão da empresa ferroviária

05/04/2018 - 10h47 (Atualizado em 22/02/2024 - 12h31)

O primeiro-ministro da França, Édouard Philippe, disse que não recuará nos planos de reforma da estatal ferroviária SNCF nesta quinta-feira (5) apesar de o sindicato CFDT ter anunciado que participará de uma nova onda de greves que começa no domingo.

Philippe reiterou que não debaterá quanto da dívida de 46 bilhões de euros da SNCF o governo absorverá até haver progresso no debate sobre a organização futura da estatal e os direitos dos funcionários.

"Estou aberto à discussão da dívida... mas em troca de compromissos extremamente claros que transformarão as operações da empresa", disse Philippe à rádio France Inter.

Os quatro principais sindicatos de ferroviários – CGT, Sud Rail, CFDT e UNSA-Railways – planejam fazer greve em dois dias de cada cinco nos próximos três meses, o maior desafio aos planos do presidente francês, Emmanuel Macron, para modernizar a economia do país.

Seu governo diz que a SNCF, que está tendo prejuízos anuais de 3 bilhões de euros, precisa mudar radicalmente para lidar com a concorrência quando o monopólio começar a ser encerrado em 2020 em respeito às regras de liberalização da União Europeia.

Uma greve de trabalhadores dos sistemas de transporte, especialmente ferroviário, paralisa a França nesta terça-feira (3)
*Estagiária do R7, sob supervisão de Cristina Charão

Convocada por sindicatos ligados à empresa pública de trens do país (SNCF), a chamada "Terça Negra" provoca longos congestionamentos nas ruas de Paris e de outras cidades francesas

Sindicatos na França seguem em 5º dia de greve contra governo

As paralisações ocorreram em várias cidades. Em Lille, trabalhadores tomaram a estação. O principal alvo do protesto é a reforma proposta pelo governo de Emmanuel Macron, que pretende abolir o emprego vitalício e abrir a empresa de trens públicos à iniciativa privada, o que permitiria uma futura privatização

A ministra dos Transportes, Elisabeth Borne, pediu às centrais sindicais que negociem, dizendo à BFM TV em uma entrevista concedida nesta terça-feira (3) que "algumas delas estão claramente tentando transformar isto em uma questão política"

Manifestantes quebraram vitrines, latas de lixo e bicicletas

Um manifestante usa uma máscara representando o presidente francês Emmanuel Macron durante uma manifestação de trabalhadores da companhia ferroviária estatal francesa SNCF em Paris, como parte da greve nacional

O sistema de trens do país transporta cerca de 4,5 milhões de passageiros por dia. O tráfego de automóveis foi intenso nas primeiras horas da manhã desta terça-feira

O movimento pode afetar o setor elétrico, as universidades e a coleta de lixo na França, segundo o jornal Le Parisien. O líder do partido Republicano e membro do parlamento francês, Christian Jacob, pediu para que o governo "tenha a coragem de trabalhar em livros abertos sobre essa reforma"

"Ferroviários em greve", diz a camisa de um dos trabalhadores. Apesar da paralisação, a ministra dos Transportes, Elisabeth Borne, afirmou que o governo manterá a reforma que acaba com a garantia de emprego vitalício aos trabalhadores ferroviários

O sistema de transporte aéreo também sofreu com a paralisação, uma vez que pilotos, copilotos e funcionários da Air France também cruzaram os braços. Na imagem, passageiros chegam ao check-in da empresa no aeroporto de Nice

A greve deve durar até quinta-feira (5) e os sindicatos prometem repetir a paralisação a cada cinco dias até o mês de junho

Uma greve de trabalhadores dos sistemas de transporte, especialmente ferroviário, paralisa a França nesta terça-feira (3) *Estagiária do R7, sob supervisão de Cristina Charão