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Qual o impacto da família real aos cofres públicos do Reino Unido?

Apesar de custar milhões aos contribuintes, turismo gerado por Elizabeth 2ª e sua família devolve parte dos gastos aos súditos

Internacional|Lucas Ferreira, do R7

Príncipe Charles e rainha Elizabeth 2ª durante o Jubileu de Platina
Príncipe Charles e rainha Elizabeth 2ª durante o Jubileu de Platina Príncipe Charles e rainha Elizabeth 2ª durante o Jubileu de Platina

Segurança 24 horas, palácios repletos de luxos, comitivas com dezenas de pessoas. A vida da família real do Reino Unido não é nada parecida com a realidade de grande parte da população britânica, que sustenta parcialmente os gastos da rainha Elizabeth 2ª, seus filhos e seus netos.

Sem números precisos, estima-se que a família real custe aos cofres públicos mais de R$ 400 milhões por ano. Em contrapartida, o professor de Relações Internacionais da USP (Universidade de São Paulo) Kai Enno Lehmann destaca a grande quantidade de posses da realeza e o turismo que a rainha movimenta em terras britânicas.

“Existe um turismo no Reino Unido em torno da realeza. É um dos argumentos utilizados muitas vezes pelo governo para manutenção da família real”, conta Lehmann em entrevista ao R7.

Segundo o professor, o caráter político da realeza, que no Reino Unido desempenha o papel de chefe do Estado, pode ser modificado, assim como feito no Brasil após o fim da monarquia.

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“Não sei até que ponto esse turismo diminuiria caso essa família não fosse mais a família que fornece o chefe do Estado. Vamos olhar o Palácio Real no Brasil, em Petrópolis, que ainda recebe muitos turistas”, explica Lehmann, que acrescenta que a renda do turismo “parece um argumento bastante fraco para sustentar, argumentar pela continuidade da família real”.

Custando milhões aos cofres públicos, ainda assim Elizabeth 2ª e a monarquia parecem estar longe de viver o fim do modelo britânico como conhecemos hoje.

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Na última quinta-feira (2), o jubileu da rainha reuniu dezenas de milhares de pessoas que foram ver Elizabeth 2ª, Charles, William e toda a família, em um evento que comemorou os 70 anos de reinado da monarca. Pelas ruas de Londres, era possível ver para todos os lados as cores da bandeira britânica, além de decorações nas ruas em alusão à dona do trono.

O que os britânicos pensam da realeza?

Caras e bocas de filho mais novo de William e Kate chamaram atenção durante evento
Caras e bocas de filho mais novo de William e Kate chamaram atenção durante evento Caras e bocas de filho mais novo de William e Kate chamaram atenção durante evento

Apesar de Elizabeth 2ª fazer parte da família real, no imaginário britânico a realidade pode ser um pouco diferente. Enquanto a popularidade da rainha continua em alta, os filhos, netos e noras sofrem com questionamentos constantes da sociedade.

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“A rainha, em termos simbólicos, ainda é muito importante. Ela representa em muitos aspectos o país como todo. Isso é importante porque o país está passando já há alguns anos por um processo de divisão”, diz Lehmann.

Além do Brexit — saída britânica da União Europeia —, o plebiscito de independência da Escócia, em 2014, e as constantes tensões com a Irlanda do Norte, mostram um momento de ruptura em diferentes pontos da sociedade do Reino Unido.

Outra questão que pesa contra a família real é o aumento do custo de vida em países como Inglaterra e País de Gales. O poder aquisitivo dos britânicos está diminuindo, enquanto o preço de itens básicos, como o combustível, sobe.

“Neste momento no Reino Unido, nós temos a pior crise de custo de vida de uma geração. Ao invés de alimentar os pobres, construir casas a preços acessíveis ou investir em trabalhos ecologicamente corretos, estamos gastando dinheiro dos contribuintes para celebrar a família real”, desabafa o britânico Gwilym Lawrence ao R7. “É detestável e embaraçoso”, completa.

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Lawrence também acredita que a família real representa faces “vergonhosas” do Reino Unido, como o “racismo estrutural e a inabilidade de assumir e se responsabilizar por um passado de colonialismo violento". Estas questões também foram abordadas por Lehmann.

“A viagem recente feita por William e sua esposa pelo Caribe teve público muito pequeno. Os muitos protestos que houve contra a família real [...] exigiram um pedido de desculpas da realeza sobre o papel do Reino Unido na escravidão, no ‘negócio de seres humanos’”, completa o professor.

O também britânico Bertie MacArthur, por sua vez, valoriza a história da família real na construção do país, mas ressalta os grandes gastos com os parentes de Elizabeth 2ª.

“Eu sou imparcial”, conta MacArthur ao R7 sobre a realeza. “Penso positivamente porque uma parte significante deste país foi construído na monarquia e parte das pessoas ignora isso, acho que não deveríamos ignorar a história. Por outro lado, com a redução significativa de responsabilidade e controle, eles ainda precisam de uma quantidade significativa de recursos financeiros? Provavelmente não”.

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