Quem é Hunter Biden, o pivô do pedido de impeachment de Trump?
Donald Trump está sob investigação por pedir ao presidente da Ucrânia que investigasse negócios do filho do ex-vice-presidente Joe Biden,
Internacional|Da EFE
A controversa ligação que motivou a abertura de um processo de impeachment contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem um protagonista inesperado que tornou-se o pivô de uma das maiores crises políticas da história recente do país: Hunter Biden.
Filho de Joe Biden, vice-presidente do país durante os dois mandatos de Barack Obama e um dos candidatos democratas nas primárias para as eleições de 2020, Hunter, de 49 anos, era o principal alvo da investigação pedida por Trump ao presidente da Ucrânia, Vladimir Zelenski, durante a conversa que abalou as estruturas de Washington e pode provocar a saída antecipada do republicano no poder.
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Um memorando divulgado na quarta-feira (25) pela Casa Branca mostra Trump solicitando reiteradas vezes a Zelenski para investigar, com apoio das autoridades americanas, a atuação do filho de Biden na Ucrânia.
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Hunter fez parte do conselho de administração da empresa de gás ucraniana Burisma por cinco anos, como parte de uma "junta internacional de alto perfil" montada por Mykola Zlochevsky, empresário e ex-ministro de Ecologia do país.
Para justificar a abertura do impeachment, os democratas acusaram Trump de trair a Constituição e de ameaçar a segurança nacional do país ao tentar pressionar o presidente de um país estrangeiro a investigar dois americanos - Biden e o filho - para obter benefícios políticos nas eleições de 2020.
Mas quem é Hunder Biden?
Infância e estudos em universidades de elite
O episódio que marcou a infância de Hunter ocorreu em 1972, quando ele sofreu um grave acidente de carro no qual morreram sua mãe e sua irmã mais nova. Ele e seu outro irmão, Beau, que faleceu em 2015 vítima de um câncer, foram os únicos sobreviventes.
Mais tarde, Hunter estudou História na Universidade de Georgetown, em Washington, e obteve um mestrado em Direito na prestigiada Universidade de Yale, em 1996.
Abuso de drogas, álcool e prostitutas
Em uma longa entrevista concedida à revista "The New Yorker" em julho deste ano, Hunter admitiu ter consumido álcool e diferentes tipos de drogas durante décadas. De fato, o filho de Biden foi expulso da Marinha dos EUA após testar positivo para cocaína em um exame.
A ex-esposa de Hunter, Kathleen, entrou com uma ação contra ele em 2017 e pediu à Justiça para congelar os bens do ex-marido alegando que ele "criou preocupações financeiras para família ao gastar de maneira extravagante em seus próprios intereses", que seriam, segundo ela, drogas, álcool, prostitutas, clubes de striptease e presentes para mulheres com as quais teve relações sexuais. Hunter nega as acusações.
Vida sentimental conturbada
Em 2015, Kathleen, primeira esposa de Hunter e mãe de seus três filhos, pediu a ele o divórcio após 24 anos de casado acusando-o de infidelidade. Pouco depois, Hunter começou a sair com Hallie, a viúva do irmão falecido no mesmo ano devido a um câncer cerebral. O romance recebeu "apoio total" de Biden e sua atual mulher, Jill.
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No entanto, Hunter e Hallie se separaram no início deste ano. Em maio, o filho do ex-vice-presidente se casou pela segunda vez com a diretora de cinema sul-africana Melissa Cohen.
Negócios suspeitos
Apesar de o escândalo envolver as relações de Hunter com a Ucrânia, a vida profissional do filho de Joe Biden é marcada por casos nada transparentes. Quando estava no conselho do Programa Mundial de Alimentos dos EUA, Hunter sugeriu ao magnata chinês Ye Jiamming a utilização de "contatos" que ele possuía para identificar oportunidades de investimento.
Na mesma noite, Ye enviou um diamante de 2,8 quilates, avaliado em cerca de US$ 80 mil (cerca de R$ 333 mil), ao quarto de Hunter. O filho de Biden descartou que o presente fosse, na verdade, um suborno, mas evitou ficar com a pedra preciosa e a repassou para seus sócios.
Relação com a Ucrânia
Em 2014, quando Joe Biden começou a viajar à Ucrânia devido ao conflito pela península da Crimeia, anexada pela Rússia, Hunter aceitou um cargo no conselho de administração da maior companhia privada de gás do país, a Burisma, com salário superior a US$ 50 mil (cerca de R$ 208 mil).
Um possível conflito de interesses, com Hunter sendo beneficiado em um país onde seu pai trabalhava ativamente representando o governo americano, chegou a ser divulgada pela imprensa na época, mas o caso não avançou.
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No entanto, Biden pai disse ao governo da Ucrânia em 2016 que deveriam demitir um promotor, acusado de corrupção, para receber US$ 1 bilhão (cerca de R$ 4,17 bilhões) em ajuda dos EUA. Esse promotor tinha aberto um processo contra a Burisma, motivo pelo qual Trump pediu a Zelenski que o assunto seja esclarecido.