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Quem é o general Popov, que assumiu um ‘batalhão suicida’ na Ucrânia como punição de Putin

Ex-comandante foi condenado a liderar uma unidade penal na linha de frente após desafiar o alto escalão militar

Internacional|Do R7

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Ivan Ivanovich Popov é um ex-major-general das Forças Terrestres Russas que comandou o 58º Exército até ser demitido em julho de 2023
Ivan Ivanovich Popov é um ex-major-general das Forças Terrestres Russas que comandou o 58º Exército até ser demitido em julho de 2023 Reprodução/X - @igorsushko

O major-general Ivan Popov, uma das figuras mais controversas do alto comando militar russo nos últimos anos, foi designado para liderar uma unidade de assalto penal na Ucrânia. A missão é vista por muitos como uma sentença de morte pelo alto risco envolvido. A decisão do presidente da Rússia, Vladimir Putin, veio após um apelo público de Popov para retornar ao contingente ativo, em que jurava lealdade ao presidente e denunciava o que chamou de “perseguição injusta”.

Segundo o advogado de Popov, Sergey Buynovsky, o general assinou um contrato com o Ministério da Defesa russo e teve seu julgamento criminal suspenso em troca de reassumir uma função no front.


Fontes ouvidas pelo jornal estatal Kommersant confirmaram que Popov irá comandar uma unidade “Storm Z”, composta por condenados e tradicionalmente usada em ataques suicidas. A punição escancara a tensão entre militares influentes e o Kremlin, e a forma como Putin lida com dissidências internas.

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Popov foi considerado um dos principais responsáveis por conter o avanço ucraniano na região ocupada de Zaporizhia, no sudoeste da Ucrânia, em meados de 2023, um dos momentos mais críticos para a Rússia no conflito. À frente do 58º Exército de Armas Combinadas, ganhou prestígio entre os soldados e o público ultranacionalista ao denunciar problemas logísticos e estratégicos nas Forças Armadas russas.


Mas sua sinceridade cobrou um preço. Em julho de 2023, após a rebelião do Grupo Wagner, Popov gravou uma mensagem de áudio aos seus “gladiadores”, como chamava seus subordinados, em que acusava o então ministro da Defesa, Sergey Shoigu, de retirá-lo do cargo por levantar críticas legítimas à condução da guerra. O áudio, vazado por aliados de Putin, viralizou entre apoiadores do esforço de guerra e veteranos, causando desconforto no alto escalão militar.

Após o episódio, o Kremlin enviou Popov para a Síria, prática comum com oficiais considerados problemáticos. Lá, teria assumido um cargo de vice-comando das forças russas no país, até ser chamado de volta à Rússia, em janeiro de 2024. Em maio, foi preso sob acusações de fraude e desvio de recursos públicos durante sua atuação em Zaporizhia.


Popov negou as acusações e, em março de 2025, publicou uma carta aberta a Putin pedindo sua reintegração. No texto, dizia ser um “soldado fiel” e tratava o presidente como “guia moral e modelo”. A estratégia deu resultado parcial: foi libertado da prisão, mas não para ocupar um posto de prestígio — e sim para liderar um batalhão penal, sob risco de morte.

Batalhão de condenados

As chamadas unidades “Storm Z” são formadas por prisioneiros e militares com problemas na justiça russa, frequentemente usados em assaltos frontais de alta letalidade. A nomeação de Popov para comandar uma dessas unidades é vista como punição velada e um gesto simbólico: uma forma de mostrar que, mesmo reintegrado, o general está sendo disciplinado.


Entre os ultranacionalistas russos, no entanto, a decisão não passou despercebida. Muitos continuam a defender Popov como vítima de uma conspiração dentro do Ministério da Defesa.

Popov pode ser designado para liderar o batalhão penal “Storm Gladiator”, fundado em 2022 com ligação direta ao 58º Exército e composto por veteranos e condenados com experiência militar. O nome da unidade é uma referência direta ao termo que o general usava para se referir aos seus homens.

Embora a unidade tenha sido praticamente dissolvida após perdas significativas em 2024, ela permanece como símbolo de lealdade e resistência interna nas fileiras militares russas.

A trajetória de Popov reflete o que analistas chamam de “novo sistema de redenção” criado por Putin. Nele, oficiais que desafiaram o regime podem retornar à ativa se admitirem culpa e se oferecerem para lutar nas frentes mais perigosas. Para o Kremlin, isso permite inflar estatísticas de crimes resolvidos e reforça o discurso de combate à corrupção, enquanto elimina, ou ao menos neutraliza, opositores internos com popularidade perigosa.

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