Quem é Sanae Takaichi, 1ª mulher a assumir cargo de premiê no Japão

A conservadora Sanae Takaichi, de 64 anos, se tornou nesta terça-feira (21) a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra na história do Japão. A vitória no Parlamento marca um feito inédito em um país onde a política ainda é dominada por homens.

De perfil austero e nacionalista, Takaichi é conhecida pela admiração à ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher – a quem chama de inspiração pessoal – e pela defesa de valores tradicionais japoneses.

Quem é Takaichi

Takaichi nasceu em 1961, na província de Nara, filha de um funcionário público e de uma policial. Antes de entrar na política, foi baterista de uma banda de heavy metal e apresentadora de TV.

Na juventude, trabalhou no gabinete da congressista norte-americana Patricia Schroeder, onde começou a se interessar por política durante o auge das tensões comerciais entre Estados Unidos e Japão.

Takaichi disputou sua primeira eleição em 1992, sem sucesso, mas foi eleita deputada no ano seguinte. Ingressou no PLD (Partido Liberal Democrata) em 1996 e, desde então, construiu uma longa carreira.

Durante a trajetória política, ela ocupou cargos como ministra da Segurança Econômica, do Comércio e Indústria e das Comunicações, onde teve o mandato mais longo da história nessa pasta.

Postura conservadora

Em sua terceira tentativa pela liderança do PLD, Takaichi finalmente venceu em 2025 e foi confirmada pelo Parlamento como primeira-ministra. “Meu objetivo é me tornar a Dama de Ferro”, disse durante a campanha.

Takaichi conquistou o posto após semanas de disputas internas e a saída de um partido aliado da coalizão governista, segundo a agência de notícias Reuters. Ela enfrenta agora o desafio de recuperar a confiança do eleitorado em meio à crise demográfica, ao descontentamento social e às tensões geopolíticas na Ásia.

A nova premiê promete retomar a política econômica conhecida como “Abenomics”, criada por seu mentor político, o ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, assassinado em 2022, baseada em altos gastos públicos e crédito barato.

Takaichi defende ainda rever as restrições constitucionais que impedem o Japão de ter forças militares ofensivas. Desde 2014, o país tem flexibilizado a proibição de vendas militares e, recentemente, anunciou um acordo de navios de guerra de R$ 35 bilhões com a Austrália.

A postura firme em relação à China e a visita frequente ao santuário Yasukuni – que homenageia mortos de guerra, incluindo criminosos de guerra japoneses – são vistas como sinais de uma guinada nacionalista. Analistas afirmam que as posições podem aumentar a tensão com Pequim.

Apesar do discurso conservador, Takaichi buscou suavizar a imagem durante a campanha. Prometeu benefícios fiscais para empresas que ofereçam creches internas e a dedução de despesas com babás no imposto de renda. Ela também defende melhorias no atendimento hospitalar para mulheres e incentivos a cuidadores e profissionais sociais.

Em seu discurso de posse, Takaichi disse que o PLD precisa “mudar pelo bem do presente e do futuro do Japão”. E prometeu “colocar o interesse nacional em primeiro lugar”. Na próxima semana, ela deve se reunir em Tóquio com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

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