A China e a Rússia foram responsáveis por cerca de 80% dos incidentes de sabotagem contra cabos submarinos do Reino Unido nos últimos quatro anos, revelou um relatório do CSRI (Instituto de Riscos Estratégicos da China), um think tank que analisa políticas globais.Esses cabos, essenciais para a transmissão de 99% dos dados intercontinentais, são peças-chave da infraestrutura global, sustentando desde bancos internacionais até comunicações virtuais e logística.O relatório analisou 12 incidentes investigados entre janeiro de 2021 e abril deste ano. Em 10 desses casos, embarcações suspeitas foram identificadas, e oito delas tinham ligações diretas com China ou Rússia, seja pelo registro no estado de bandeira ou pela propriedade da empresa. As sabotagens, segundo o documento, seguem uma estratégia de “zona cinzenta”, um tipo de interferência hostil que não chega a ser uma guerra declarada, mas busca desestabilizar adversários sem provocar respostas imediatas.O CSRI aponta padrões que sugerem coordenação entre Moscou e Pequim. Embarcações chinesas foram associadas a incidentes no Mar Báltico, enquanto navios russos apareceram em casos próximos a Taiwan, ilha que vive tensões históricas com a China. Essa possível colaboração aumenta a preocupação dos países do Ocidente, já que os cabos submarinos são alvos estratégicos em um mundo cada vez mais dependente da conectividade digital.O Reino Unido, um hub importante para cabos euro-atlânticos, é particularmente vulnerável, segundo o jornal The Guardian. O país é ponto de desembarque de 60 sistemas de cabos, incluindo nove dos 15 que conectam a América do Norte à Europa. Apesar disso, o governo britânico admitiu, em um comunicado à comissão parlamentar sobre segurança nacional, que possui capacidades limitadas para monitorar o tráfego marítimo em torno dessas infraestruturas. Apenas 22% da zona econômica exclusiva (ZEE) do Reino Unido é coberta por radar costeiro, o que dificulta a identificação de atividades suspeitas, de acordo com o CSRI.Países bálticos da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), como resposta a incidentes recentes no Mar Báltico, prometeram intensificar patrulhas após rupturas de cabos de telecomunicações e energia. Especialistas e políticos dizem que a Rússia tem investido em “frota fantasma” – composta por navios antigos que frequentemente operam sem seguro padrão e fora das regulamentações marítimas internacionais – para executar ações de sabotagem.“Os cabos submarinos sustentam a prosperidade e a segurança na era digital. Não podemos ser ingênuos diante da ameaça sem precedentes que as operações em zonas cinzentas da China e da Rússia representam”, disse Andrew Yeh, diretor executivo do CSRI e autor do relatório.Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp