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Rússia vive onda de mortes misteriosas entre empresários e autoridades; entenda

Desde o início da guerra, quase 40 figuras da elite russa, entre executivos, políticos e militares, morreram de maneira suspeita

Internacional|Do R7

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • A Rússia enfrenta uma onda de mortes suspeitas entre figuras importantes desde o início da guerra na Ucrânia, com quase 40 mortes relatadas.
  • Mortes recentes incluem executivos, ex-funcionários e oligarcas, muitas em circunstâncias similares, gerando o termo "síndrome da morte súbita russa".
  • Casos notáveis envolvem suicídios suspeitos e acidentes, como quedas de janelas e mortes por envenenamento, refletindo uma atmosfera de medo e repressão.
  • Essas mortes coincidem com uma grave crise econômica em meio a sanções ocidentais, aumentando a tensão interna no Kremlin.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Alexander Tyunin, presidente da Umatex, encontrado morto em 18 de setembro Reprodução/X/@vegasyx

A Rússia vive uma onda de mortes misteriosas envolvendo empresários e autoridades de alto escalão. Desde o início da guerra contra a Ucrânia, em 2022, 40 figuras da elite russa morreram, cinco delas apenas neste ano, segundo o governo ucraniano.

O caso mais recente foi o de Alexander Tyunin, presidente da Umatex, subsidiária da estatal russa de energia nuclear Rosatom. Ele foi encontrado morto no dia 18 de setembro, perto de seu carro, com um rifle de caça e um bilhete que mencionava depressão.


Dias antes, Alexander Fedotov, ex-funcionário do setor de transportes de São Petersburgo, foi achado morto após cair da janela de um hotel próximo ao Aeroporto Sheremetyevo, em Moscou.

Desde 2022, uma série de oligarcas, executivos e figuras públicas morreram em circunstâncias semelhantes – quedas de janelas, envenenamentos, infartos e supostos suicídios. O fenômeno passou a ser chamado por analistas de “síndrome da morte súbita russa”.


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Mortes em setores estratégicos

Segundo o United24 Media, site de notícias vinculado à Ucrânia, as mortes ocorrem principalmente em três áreas consideradas vitais para o regime de Vladimir Putin: energia, finanças e comércio exterior.

Esses setores são também os mais afetados pelas sanções impostas pela UE (União Europeia) e pelos ataques ucranianos, que danificaram até 40% da capacidade de refino de petróleo do país até agora.


Um dos casos mais emblemáticos foi o de Mikhail Rogachev, ex-vice-presidente da petrolífera Yukos, que caiu da janela de casa em outubro de 2024. Rogachev era ligado a Mikhail Khodorkovsky, crítico de Putin, preso por anos após desafiar o Kremlin.

Além dele, dezenas de executivos de companhias ligadas ao petróleo e à energia morreram de forma semelhante. Entre eles:


  • Leonid Shulman e Alexander Tyulyakov, da Gazprom, encontrados mortos em 2022;
  • Vladislav Avaev, do Gazprombank, e Sergey Protosenya, da Novatek, mortos junto com familiares;
  • Ravil Maganov, presidente da Lukoil, que caiu da janela de um hospital em Moscou;
  • Vitaly Robertus, vice-presidente da Lukoil, achado morto em 2024; e
  • Andrey Badalov, vice da Transneft, que caiu do apartamento em 2025.

O especialista anticorrupção Ilya Shumanov disse ao site ucraniano que “a semelhança entre os casos é impressionante” e que alguns podem ter sido “assassinatos encenados como suicídios”.

Elite política atingida

Starovoit tinha 53 anos e havia sido nomeado ministro dos Transportes em maio de 2024 Reprodução/X/@visegrad24

Casos semelhantes atingiram figuras do governo. Em julho de 2025, o ex-ministro dos Transportes Roman Starovoit foi encontrado morto em um estacionamento nos arredores de Moscou, horas após ser demitido por Putin. O sucessor dele foi preso por fraude, segundo a emissora pública polonesa TVP.

Em fevereiro do mesmo ano, dois altos funcionários morreram no mesmo dia após caírem de janelas: Artur Pryakhin, do Serviço Federal Antimonopólio, e Alexei Zubkov, do Comitê Investigativo.

Outro caso de grande repercussão foi o de Pavel Antov, deputado do partido Rússia Unida, morto em um hotel na Índia em 2022. Ele havia sido apontado pela imprensa russa como autor de mensagens críticas aos ataques do Kremlin na Ucrânia.

Envenenamentos e perseguições

A Rússia também tem um longo histórico de ataques a críticos do regime. O agente químico Novichok foi usado contra o ex-espião Sergei Skripal em 2018 e contra o opositor Alexei Navalny em 2020.

O ex-agente Alexander Litvinenko morreu envenenado com polônio em 2006. No mesmo ano, a jornalista Anna Politkovskaya foi assassinada em Moscou após sobreviver a uma tentativa de envenenamento.

Em 2010, Putin declarou que os serviços secretos russos não praticavam mais o chamado mokroye delo - expressão soviética para “trabalho sujo”, usada para designar assassinatos de traidores. “Os serviços especiais russos não fazem isso. Quanto aos traidores, eles morrerão sozinhos”, afirmou na época.

Para analistas, a declaração tem a ver com o padrão atual de mortes. “São suicídios? Talvez. Convenientes? Com certeza. Padronizados? Pode apostar”, disse Julianne Geiger, pesquisadora do site britânico Oilprice, especializado no setor de energia.

Sistema em colapso

A série de mortes ocorre em meio à pior crise econômica russa em décadas. Sanções ocidentais, restrições comerciais e o aumento dos gastos militares reduziram o fundo soberano do país e provocaram perdas bilionárias à elite.

A tensão interna também aumentou. Segundo Alexandra Prokopenko, do think tank norte-americano Carnegie Endowment, “a saída voluntária do sistema pode ser considerada traição - e, como Putin deixou claro, traidores não vivem muito”.

Especialistas afirmam que as mortes são sinal do colapso de um sistema baseado em lealdade e medo. “Na Rússia de Putin, deixar o poder vivo está se tornando a exceção, não a regra”, disse ao United24 Media o russo Mikhail Khodorkovsky, ex-dono da Yukos e ex-prisioneiro político.

Perguntas e Respostas

 

O que está acontecendo na Rússia com empresários e autoridades?

 

A Rússia enfrenta uma onda de mortes misteriosas entre empresários e autoridades de alto escalão. Desde o início da guerra contra a Ucrânia, em 2022, cerca de 40 figuras da elite russa faleceram em circunstâncias suspeitas, com cinco mortes ocorrendo apenas neste ano, conforme informações do governo ucraniano.

 

Quem foram algumas das vítimas recentes?

 

Entre as vítimas recentes, destaca-se Alexander Tyunin, presidente da Umatex, que foi encontrado morto em 18 de setembro, próximo ao seu carro, com um rifle de caça e um bilhete mencionando depressão. Outro caso foi o de Alexander Fedotov, ex-funcionário do setor de transportes de São Petersburgo, que caiu da janela de um hotel em Moscou.

 

Quais são as circunstâncias comuns dessas mortes?

 

As mortes têm ocorrido em situações semelhantes, como quedas de janelas, envenenamentos, infartos e supostos suicídios. Esse fenômeno tem sido denominado "síndrome da morte súbita russa" por analistas.

 

Quais setores estão mais afetados por essas mortes?

 

As mortes estão concentradas em três áreas consideradas vitais para o regime de Vladimir Putin: energia, finanças e comércio exterior. Esses setores também são os mais impactados pelas sanções da União Europeia e pelos ataques ucranianos, que já danificaram até 40% da capacidade de refino de petróleo da Rússia.

 

Há casos notáveis entre as mortes de figuras públicas?

 

Um caso emblemático é o de Mikhail Rogachev, ex-vice-presidente da petrolífera Yukos, que caiu da janela de sua casa em outubro de 2024. Rogachev tinha ligações com Mikhail Khodorkovsky, um crítico de Putin que foi preso por anos. Outros executivos do setor de petróleo e energia também morreram em circunstâncias semelhantes.

 

O que especialistas dizem sobre essas mortes?

 

O especialista anticorrupção Ilya Shumanov comentou que a semelhança entre os casos é impressionante e que alguns podem ter sido "assassinatos encenados como suicídios". Além disso, a tensão interna na Rússia aumentou, com a saída do sistema sendo considerada traição, o que pode resultar em consequências fatais.

 

Como essas mortes se relacionam com a crise econômica na Rússia?

 

A série de mortes ocorre em meio à pior crise econômica russa em décadas, com sanções ocidentais e restrições comerciais que reduziram o fundo soberano do país e causaram perdas bilionárias à elite. Especialistas afirmam que essas mortes são um sinal do colapso de um sistema baseado em lealdade e medo.

 

Qual é a perspectiva sobre a segurança de figuras que se opõem ao regime?

 

Analistas sugerem que, na Rússia de Putin, deixar o poder vivo está se tornando a exceção, não a regra. Mikhail Khodorkovsky, ex-dono da Yukos, afirmou que a situação atual é alarmante para aqueles que desafiam o regime.

 

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