Sem agenda pública, Trump segue alegando 'fraudes' no Twitter
Presidente doa EUA seguem sem aparecer em público e usando a rede social para contestar os resultados da eleição; a transição segue paralisada
Internacional|Da EFE
O presidente dos EUA, Donald Trump, seguiu nesta quarta-feira (18) sem agenda pública, concentrado em suas denúncias de uma "fraude eleitoral" através do Twitter e sem sinal de que as ações que sua equipe impetrou em vários estados vão conseguir influenciar na vitória do democrata Joe Biden na eleição presidencial do último dia 3.
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Dez dias depois que Biden foi projetado o presidente eleito, Trump desapareceu das vistas dos norte-americanos, entrincheirado na Casa Branca.
Sua única aparição pública nesse período foi na última sexta-feira, quando ele esteve no Rose Garden da Casa Branca, para comentar os avanços das vacinas contra a pandemia do novo coronavírus. Sem aceitar perguntas nem fazer referência à derrota eleitoral, ele voltou para a residência oficial logo após fazer seu pronunciamento.
Neste período, suas poucas saídas têm sido exclusivamente nos finais de semana, para jogar golfe em seu clube privado em Sterling, na Virgínia, nas vizinhanças de Washington e suas agendas diárias aparecem vazias ou com pouquíssimas reuniões.
Silêncio público, gritos no Twitter
Ele ainda não admitiu sua derrota para Biden, rompendo assim o tradicional telefonema de cortesia entre os candidados, seu contato com o mundo exterior tem sido feito exclusivamente por meio de sua rede social favorita, o Twitter.
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"Ganhei as eleições. Fraude eleitoral em todo o país!", escreveu ele nesta quarta, tudo em maiúsculas, junto a uma série de comentários nos quais coloca em dúvida o processo de recontagens e as decisões sobre as impugnações que sua equipe legal tentou em vários Estados.
Os comentários de Trump, sempre com os avisos do Twitter de que suas denúncias de fraude "são questionáveis", também se referiram à decisão da Junta Eleitoral do condado de Wayne, em Michigan, que certificou de maneira unânime os resultados da eleição, depois de ter sido bloqueada pelos republicanos locais.
"Incorreto! Em princípio eles votaram contra porque havia muito mais VOTOS do que PESSOAS (Triste!). Foram ameaçados, gritaram e os hostilizaram brutalmente e foram FORÇADOS a mudar seus votos, mas SE NEGARAM, como patriotas, a assinar os documentos", escreveu Trump.
Sua campanha apresentou nesta quarta uma pedição para recontagem de votos em dois condados de Wisconsin, Milwaujee e Dane, por considerar que há "votos antecipados alterados e emitidos ilegalmente". Biden ganhou no Estado por margem de 20,5 mil votos.
Demissões via Twitter
Também por meio de sua conta de Twitter, anunciou duas demissões importantes de funcionários do governo.
No último dia 9 de novembro, a do secretário de Defesa, Mark Esper e, na última terça, a de Christopher Krebs, diretor da agência de cibersegurança que, na semana passada, havia afirmado que a eleição presidencial deste ano foi "a mais segura da história".
"A recente declaração de Chris Krebs sobre a segurança das eleições de 2020 foi muito imprecisa, já que houve fraudes e irregularidades em massa", afirmou Trump em sua postagem sobre o chefe da Agência de Segurança de Infraestrutura e Cibersegurança (CISA)", um órgão que pertence ao Departamento de Segurança Nacional (DHS).
O mau humor de Trump o levou a cancelar sua habitual viagem para passar o feriado do Dia de Ação de Graças em seu resort particular em Mar-A-Lago, na Flórida.
Os meios de comunicação do país afirmaram que, ao invés disso, ele passará as festas mais populares dos EUA na Casa Branca, um sinal do que chamaram de "mentalidade de bunker" na qual está afundado o presidente.
Transição bloqueada
A essa situação inisutada se soma o forte aumento de casos do novo coronavírus nos EUA, que segue aumentando a níveis recordes e está começando a gerar uma forte pressão sobre os hospitais de todo o país, onde o número de mortos ultrapassou os 250 mil.
Biden segue sem receber a aprovação para que sua equipe possa trabalhar com as agências que irá supervisionar a partir de 20 de janeiro de 2021, dia em que o novo governo tomará posse, e deve se reunir em breve com profissionais do setor de saúde para conhecer o combate nas linhas de frente contra a covid.
Essa crise parece ser a única que poderia forçar a mão da Casa Branca para facilitar a transição. Esse processo depende da aprovação de Emily Murphy, a administradora da Agência de Serviços Públicos (GSA na sigla em inglês). Até o momento, ela tem resistido aos pedidos para dar continuidade à transição, mas isso pode mudar nos próximos dias.
No dia 14 de dezembro, está prevista a reunião do Colégio Eleitoral, onde são formalizados os votos dos delegados de cada Estado conforme os resultados da eleição. É possível que neste momento Murphy possa não ter outra alternativa a não ser possibilitar o acesso da equipe de Biden ao governo.
Segundo as projeções dos principais meios de comunicação dos EUA, Biden superou com facilidade os 270 votos do Colégio Eleitoral que são necessários para entrar na Casa Branca. Ele teve 306, contra 232 de Trump.