Sul-coreano com paralisia escreve tese de mestrado apenas piscando os olhos
Jang Ik-sun, de 38 anos, concluiu pesquisa acadêmica utilizando um mouse de rastreamento ocular. Ele teve que piscar cerca de 490 mil vezes para escrever o documento
Internacional|Do R7
Um estudante da Coreia do Sul com distrofia muscular progressiva, que o deixou quase totalmente paralisado, conseguiu concluir o mestrado escrevendo uma tese apenas piscando os olhos, de acordo com o jornal The Korea Herald.
Jang Ik-sun, 38 anos, foi diagnosticado com uma condição incurável aos cinco anos e, desde então, perdeu gradualmente todos os movimentos do corpo, exceto os olhos e a fala. Determinado a continuar os estudos, ele utilizou um mouse de rastreamento ocular para digitar sua tese, letra por letra, piscando.
Ele se formou em assistência social pela Universidade de Gwangju. Em 2019, ingressou na pós-graduação da instituição e concluiu o curso em 2021. Sua tese abordou o direito à vida de pessoas com doenças musculares e a necessidade de maior suporte governamental para esses pacientes.
Sem conseguir escrever à mão, o sul-coreano precisou digitalizar livros físicos que não estavam disponíveis como e-books, um processo exaustivo. Além disso, a impossibilidade de fazer anotações dificultava a memorização do conteúdo.
490 mil piscadas
Usando um software de rastreamento ocular, Jang digitou cada palavra piscando para selecionar as letras. Ao longo de três anos de trabalho, ele estima ter piscado cerca de 490 mil vezes para completar o documento, que tem 70 mil caracteres.
Para aumentar a eficiência, ele desenvolveu um método inovador: espelhava a tela de seu smartphone no computador, utilizando a previsão de texto do Google Docs para acelerar o processo.
A tese, intitulada “Uma etnografia de um ativista acamado com deficiência muscular usando um ventilador”, não apenas narra a experiência de Jang, mas também analisa como as barreiras sociais agravam a condição de pessoas com deficiências severas.
No estudo, Jang relata casos de pacientes que dependem de ventilação mecânica e enfrentam riscos fatais devido à falta de suporte adequado, segundo o The Korea Herald, que conversou com Jang e leu o documento.
Além de acadêmico, Jang é um ativista pelos direitos das pessoas com deficiência. Ele usa um canal no YouTube, chamado Ik-sun Jang, um homem que pisca 10 milhões de vezes", para conscientizar o público sobre a distrofia muscular.
E é ele próprio que edita os vídeos -- também usando apenas os olhos. O sul-coreno ainda criou um sistema de automação residencial que o permite controlar cortinas, ar-condicionado e purificadores de ar com o rastreamento ocular.
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