Terrorismo de ultradireita ameaça o Reino Unido assim como jihadistas

O número de pessoas suspeitos de fazerem parte de grupos de ultradireita se igualou, pela primeira vez, ao número de jihadistas no Reino Unido, segundo a polícia britânica. Um total de 1.389 pessoas foram denunciadas, um aumento de 6% em comparação a 2018.

O número de jihadistas chegou a 1.404, uma queda de mais da metade do que foi registrado no último ano.

A ultradireita tem se espalhado pela Europa e já chegou em praticamente todos os Parlamentos do continente.

A radicalização no Reino Unido cresceu nos últimos 4 anos. Enquanto isso, o número de casos envolvendo radicais do islã caiu em quase 5 mil denúncias desde 2015 e 2016. Os dados são da Prevent, que tenta evitar a radicalização antes que ela se torne uma ameaça ou cometa crimes.

Com o aumento de casos de violência motivados por ódio causados por membros da ultradireita, os brancos se tornaram a maior etnia sendo presa.

A maior ameaça

A polícia alerta que o terrorismo da extrema-direita, geralmente racista, homofóbica e conservadora, é a maior ameaça ao Reino Unido em2019, mas dizem que o maior perigo ainda vem dos jihadistas.

Neste ano, a polícia conseguiu interceptar 24 ataques vindos de grupos extremistas, sendo 16 de jihadistas e 8 da ultradireita. A primeira é vista como “terrorismo internacional”, enquanto os membros da extrema direita são “terrorismo doméstico”.

Meninos e jovens adultos

O número de denúncias de casos de terrorismo registradas esse ano caiu 50% comparado ao ano passado, mas ainda assim supera 5 mil. Deles, 24% vem de jihadistas, 24% de ultradireitistas, 38% foram consideradas “misturadas, instáveis ou sem ideologia clara” e 14% apresentam outros tipos de radicalismo.

Dentro dos ultradireitistas, a maior parte das denúncias foram registradas para crianças e jovens de 20 anos para baixo, e foram feitas por profissionais da área de educação preocupados com a radicalização dos jovens. A maioria dos denunciados são homens.

Um quarto dos jovens denunciados não precisava de “ações adicionais”, enquanto metade foi passada para outros serviços, como educação, habitação e saúde mental para apoio alternativo.

Outros 23% estão sob constante revisão para combater a ideologia extremista e violenta. 45% das pessoas sob essa supervisão são de ultradireita, enquanto jihadistas marcam 37%.

Críticas ao Prevent

Apesar do propósito de ser contra radicalização de discursos de ódio, a Prevent é alvo de críticas por impedir a liberdade de expressão, religião e discriminação.

O ministro de segurança, Brandown Lewis, disse que o programa está evoluindo e que é fundamental. “A Prevent mostra que a ameaça da extrema direita continua e é um problema visto pela Europa, Australia, Nova Zelândia e nos EUA”.

“Nós tomamos ações robustas, incluindo o banimento do grupo terrorista neonazista Ação Nacional, em 2016, e outras acusações bem-sucedidas contra os membros”, diz.

“As estatísticas mostram que a Prevent está melhorando, com educação, saúde e a equipe de assistência social reconhece o programa como parte de sua responsabilidade de salvaguarda. Entretanto, devemos continuar trabalhando com a colaboração de comunidades para criar resistência às ideologias venenosas da extrema-direita e do extremismo islâmico, que não têm lugar no Reino Unido”, concluiu.