Turquia: Polícia usa gás para dispersar marcha de Dia da Mulher
Antes dos protestos, forte esquema policial cercava área e decidiu que manifestação só poderia ocupar um curto espaço de rua principal
Internacional|Da EFE
A polícia turca utilizou gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar nesta sexta-feira uma grande manifestação pelo Dia Internacional da Mulher em Istambul, depois de duas horas de concentração pacífica.
Os agentes lançaram várias bombas de gás contra as manifestantes que tinham se concentrado na rua Istiklal, a principal artéria comercial e de lazer da cidade, para denunciar as políticas do governo islamita e as estruturas patriarcais sob palavras de ordem como "Não temos medo".
Já antes do início do protesto, um amplo esquema policial tinha bloqueado os acessos à rua Istiklal, mas depois as manifestantes receberam permissão para ocupar um curto pedaço de cem metros, no qual acabaram se amontoando várias milhares de pessoas.
Milhares mais se aglomeravam nas ruas próximas, em um ambiente festivo e alegre, ondeando bandeiras roxas e cartazes com lemas como "Não obedeça", "O aborto é um direito" e "Parir, cuidar criar... não somos escravas" ou "Não queremos ditadores. Queremos vibradores!".
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"Não entendo por que não nos deixam marchar pela rua Istiklal como fizemos durante anos. Em todo o país, no mundo todo se celebra oficialmente o Dia da Mulher... e aqui o governo nos proíbe de marchar. Por que lhes damos tanto medo?", se perguntou em conversa com a Agência Efe uma manifestante que se identificou como Umut.
"É uma tremenda hipocrisia", acrescentou, lembrando que várias empresas e instituições do governo comemoraram oficialmente o Dia da Mulher e que até mesmo o presidente Recep Tayyip Erdogan enviou uma mensagem ontem a respeito.
Na sua nota, no entanto, o presidente ressaltou como elementos essenciais deste dia o respeito às mães, presente no Corão, qualificou homens e mulheres como "duas faces da mesma moeda" e defendeu melhores "políticas familiares".
Um tom muito diferente do das manifestantes de Istambul, que reivindicavam precisamente ser consideradas mulheres e trabalhadoras, não elementos da família nem máquinas de parir.
Também houve concentrações sem incidentes em Ancara, onde milhares de mulheres marcharam por uma avenida do centro da capital, e em dezenas de cidades do resto da Turquia, embora normalmente menores.