Venezuela denuncia milhares de migrantes mortos na Colômbia
ONG diz que 1.933 cidadãos da Venezuela morreram e outros 836 desapareceram em território colombiano entre 2015 e 2020
Internacional|Do R7
O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, denunciou nesta terça-feira (12) o "assassinato maciço" de migrantes venezuelanos na Colômbia, após a "execução extrajudicial" de dois adolescentes, de 12 e 18 anos, em uma região fronteiriça.
"Este não é um fato isolado, não é um fato excepcional. Pelo menos 1.933 migrantes venezuelanos foram assassinados e outros 836 foram dados como desaparecidos" entre 2015 e 2020, destacou Saab em declarações transmitidas pela TV oficial.
E, "entre janeiro e agosto deste ano, foram assassinados na Colômbia outros 362 venezuelanos", reforçou Saab, baseado em relatórios da ONG Codhes (Consultoria para os Direitos Humanos e o Deslocamento).
"A cifra assustadora pode chegar aproximadamente a 3.000 venezuelanos mortos, vítimas do ódio, da xenofobia", sentenciou Saab, denunciando o "assassinato maciço de venezuelanos na Colômbia”.
A ONU e autoridades colombianas investigam a execução dos menores venezuelanos, que foram baleados após terem sido acusados de roubar um armazém no violento município de Tibú, no nordeste do país.
Em vídeos e fotos que circularam pelas redes sociais, os adolescentes aparecem cabisbaixos e com as mãos atadas com fita adesiva, enquanto uma pessoa fora do enquadramento da câmera os chama de "ladrõezinhos".
Seus corpos foram encontrados depois, ainda com as mãos atadas.
Um cartaz com a palavra "ladrões", escrita a mão, foi colocado sobre o corpo do mais novo, encontrado de bruços com uma mochila vermelha e identificado pelas autoridades venezuelanas como Alexander José Fernández Rodríguez.
"Achamos que tão responsáveis quanto os autores materiais é o sujeito que grava o vídeo, pois não só faz apologia do crime, mas entrega crianças para a morte", disse Saab, que na véspera enviou uma comunicação ao colega colombiano pedindo o esclarecimento dos fatos e a detenção dos responsáveis.
A polícia colombiana responsabiliza pelos dois crimes os dissidentes da ex-guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) que se afastaram do acordo de paz assinado em 2016.
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Tibú concentra a maior quantidade de narcocultivos da Colômbia, com mais de 19 mil hectares plantados de folha de coca, segundo a ONU.
"São delitos e crimes contra a humanidade", expressou Saab, que atribui a onda migratória às consequências das sanções financeiras dos Estados Unidos para forçar a saída do presidente Nicolás Maduro.
De acordo com a ONU, mais de 5 milhões de venezuelanos deixaram o país, fugindo de uma grave crise. A Colômbia tem sido o principal local de acolhida dessas pessoas, com 1,7 milhão de migrantes, mais da metade deles sem documentos.