JR ENTREVISTA: ‘Mais de 90% das ações contra cias aéreas estão no Brasil’, diz presidente da Anac
Tiago Faierstein afirma que há uma indústria de judicialização no país, apesar de o Brasil responder por apenas 3% do tráfego aéreo mundial
JR Entrevista|Do R7
O convidado do JR ENTREVISTA desta quarta-feira (22) é o diretor-presidente da Anac (Agência Nacional de aviação Civil), Tiago Faierstein. Ao jornalista Yuri Achcar, ele fala sobre o custo das passagens aéreas, o trabalho para aumentar a oferta de voos e a escassez de recursos enfrentada pela agência.
Empossado na Anac no último dia 17 de setembro, Faierstein destaca que 60% dos valores de passagens aéreas praticados no país sofrem influência do dólar.
"Isso a Anac não consegue controlar. Mas consegue ajudar nos outros 40%, procurando aumentar a oferta de assentos, ou atraindo novas companhias aéreas, ou ajudando as atuais a terem mais aeronaves, mais malhas, mais rotas. Estamos conversando bastante com o setor para que a gente amplie essa oferta de assentos e tenha uma redução do custo da passagem", garante, ressaltando que as empresas do setor ainda enfrentam consequências da pandemia de Covid-19.
"O mercado de aeronaves, peças, manutenção, ainda não recuperou a capacidade de atendimento. Muitas aeronaves de companhias aéreas aqui do Brasil estão em solo, aguardando em filas para manutenção. Além disso, a gente tem três companhias no Brasil, e as três ou passaram ou estão passando por um processo de recuperação judicial", observa.
Esse cenário, segundo o diretor-presidente, contribui para o alto custo das passagens, que também sofre influência do que Faierstein classifica como “indústria de judicialização”.
"Mais de 90% das ações judiciais contra companhias aéreas no mundo estão no Brasil, sendo que nós respondemos apenas por 3% do tráfego aéreo mundial. As companhias aéreas têm custos bilionários por ano com essa judicialização alta. Hoje, tem escritórios de advocacia que esperam um passageiro na porta do avião para pegar uma procuração e entrar com um processo judicial. Isso se reflete no custo da passagem."
Outro aspecto abordado na entrevista é a falta de recursos enfrentada pela Anac. Segundo Faierstein, a agência tem 30% do orçamento que tinha em 2015.
"Precisamos urgentemente recompor o orçamento, porque pouco orçamento para a Anac significa menos fiscalização. E estávamos com provas de pilotos suspensas e provas de comissários também suspensas por quase um ano. Agora, em outubro, vamos voltar à prova de comissários de voo", relata.
"A gente já está conversando com o governo, já está tendo ajuda do Ministério de Portos e Aeroportos, do ministro Silvio Costa Filho. Ele fez um aporte financeiro na agência neste ano para poder ajudar", conta.
O programa também está disponível na Record News, no R7, nas redes sociais e no RecordPlus.
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