Aula presencial em MG deve voltar por etapas e dividida em séries
Crianças das fases iniciais e alunos que estão prestes a formar devem retornar às salas antes dos demais colegas; retomada, no entanto, segue sem data
Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7
O secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, afirmou ao R7 que o retorno das aulas presenciais em Minas Gerais deve ser feito por etapas, divididas de acordo com as séries dos alunos.
Embora ainda não haja uma data definida para a reabertura das escolas, Amaral explica que a elaboração do projeto de retomada está em fase avançada.
Segundo o secretário, foi levantada a possibilidade de realizar um rodízio entre os estudantes de uma mesma turma, como o Estado de São Paulo pretende fazer na sua rede. A estratégia, no entanto, não deve ser utilizada em Minas.
— Fica inviável colocar um grupo na sala de aula e depois colocar outro. Então, estamos avaliando as melhores práticas já adotadas em outros países para que possamos aplicar aqui também.
Detalhes do projeto
O Conselho Estadual de Educação, responsável por definir as diretrizes que devem ser seguidas pelas escolas públicas estaduais e particulares, confirma a intenção de liberar uma retomada gradual.
Hélvio Teixeira, presidente do conselho e pró-reitor adjunto da PUC Minas, detalha que a proposta analisada atualmente prevê o retorno presencial começando pelas crianças da pré-escola.
Os estudantes do quinto e nono ano do ensino fundamental, bem como os do terceiro ano do ensino médio, que são as últimas séries de cada ciclo, também devem voltar já na primeira etapa.
— Em relação à educação infantil, as discussões consideram tanto a necessidade dos pais de terem onde deixar os filhos, quanto a questão econômica das escolas particulares menores que estão com o orçamento impactado. No caso dos alunos maiores, é importante considerar as fases finais, já que alguns deles vão precisar mudar de colégio ou prestar vestibular.
Embora exista uma preocupação com a situação do estudante que se prepara para entrar na universidade, ainda não há uma discussão sobre a criação de um possível quarto ano do ensino médio para os pré-vestibulandos, assim como será feito em São Paulo. Teixeira explica que o assunto será debatido em outro momento, respeitando a autonomia e o plano pedagógico das escolas.
— Minas é um Estado diferente porque tem o maior número de municípios do país, com grande diversidade de características. Temos redes de educação bem desenvolvidas e outras muito carentes. Para se criar mais um ano de ensino tem que se criar espaços físicos maiores e ampliar o corpo docente. Em algumas escolas é possível aproveitar o contraturno, mas em outras a estrutura já está totalmente ocupada.
Avaliação e aprovação
Outra proposta analisada pelo Conselho é determinar que cada instituição faça uma avaliação diagnóstica dos estudantes após o retorno presencial. O objetivo é identificar defasagens no conteúdo ensinado durante o distanciamento social e montar um programa de recuperação específico para cada aluno.
O Governo de Minas Gerais já anunciou que irá fazer uma força-tarefa para recuperar as matérias, mas não explicou como isto vai acontecer. Para substituir os encontros presenciais, o Estado oferece, desde o mês de maio, um esquema de teleaulas pela Rede Minas, canal de TV estatal, e distribui apostilas com leituras e atividades.
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Por enquanto, a possibilidade de haver reprovação nesta fase não está descartada. O documento que está sendo elaborado para nortear as escolas mineiras ainda não analisa a possibilidade de determinar a aprovação de todos os estudantes, independentemente das notas alcançadas. O CNE (Conselho Nacional de Educação), no entanto, sugeriu que as escolas não reprovem.
Segundo o Conselho Estadual, as instituições poderão usar parte de 2021 para concluir o ano letivo de 2020. As escolas particulares e o Governo de Minas terão autonomia para decidir a forma como isto deve acontecer.
Desde que respeitado um período de descanso para professores e alunos, as aulas poderão ser repostas nos fins de semana ou com a redução do recesso escolar. Outra possibilidade já aprovada pelo Conselho Estadual é a de manter algumas atividades remotas, como aulas por vídeo, junto às tarefas presenciais para completar a carga horária.
Escolas públicas
A reportagem procurou a Secretaria de Educação de Minas Gerais para comentar o projeto que está sendo elaborado, bem como as propostas pensadas para as escolas da rede pública estadual, mas a pasta se recusou a falar sobre o assunto assunto.
A SEE informou apenas que “está elaborando um protocolo para o retorno às aulas presenciais, em consonância com as orientações da Secretaria de Estado de Saúde” e reafirmou o uso de vídeoaulas e tarefas remotas no modelo de ensino adotado atualmente.
Veja a íntegra da nota da SEE:
“A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) informa que está elaborando um protocolo para o retorno às aulas presenciais, em consonância com as orientações da Secretaria de Estado de Saúde (SES).
O Regime de Estudo não Presencial, desenvolvido e ofertado pela SEE/MG para toda a rede pública estadual de ensino, atualmente é composto por um conjunto de ferramentas pedagógicas que funcionam de maneira complementar: o Plano de Estudo Tutorado (PET); o aplicativo Conexão Escola; e o programa de TV “Se Liga na Educação”.
O PET, principal ferramenta e instrumento estruturante do Regime, está disponível para os alunos nos meios virtuais (site estudeemcasa.educacao.mg.gov.br, aplicativo Conexão Escola e via e-mail) e é entregue de forma impressa para os estudantes que não têm acesso à internet.
As outras ferramentas oferecidas de forma complementar são as teleaulas do “Se Liga na Educação”, programa exibido pelos canais da Rede Minas e pela TV Assembleia; e o aplicativo Conexão Escola, que reúne os arquivos dos PETs, os vídeos das aulas e um chat para interação aluno e professor que pode ser acessado por dispositivos móveis e pela web. As videoaulas são exibidas também nos canais da Rede Minas e da SEE/MG no Youtube, onde ficam disponíveis depois para serem revistas”.