Caetano Veloso processa emissora de MG após ser chamado de pedófilo
Justiça determinou que TV Alterosa retire vídeo de um programa do Youtube, que traz uma série de ofensas ao artista e à produtora Paula Lavigne
Minas Gerais|Lucas Pavanelli, do R7
O cantor e compositor Caetano Veloso e a produtora Paula Lavigne estão processando a TV Alterosa e o apresentador Ricardo Carlini, que é diretor da emissora, depois de terem sido ofendidos durante um programa de televisão em outubro do ano passado.
Segundo a ação, durante o programa "TV Verdade", Carlini comparou os dois "com o crime cometido por alguém que drogou uma menor de idade e com ela manteve relação sexual, afirmando que o autor aprova a pedofilia".
Uma outra ré da ação corroborou a afirmação dizendo que, para Caetano a pedofilia é algo normal. Um terceiro réu ofendeu o compositor baiano de "vagabundo" e que ele também aprova a pedofilia e chamou a produtora de "peste" e "maconheira".
Na ação, Caetano e Lavigne dizem que o programa os "achincalhou, ofendeu e difamou".
Decisão
De acordo com a Justiça, as alegações levantadas pelos dois estão contidas no vídeo postado na plataforma digital.
"Nelas, o autor é qualificado de pedófilo e pessoa que apoia a pedofilia, sendo equiparada sua relação com a autora e atual companheira à de criminoso e abusador sexual, ao passo que Paula é chamada em altos brados de maconheira, vergonha das mulheres e nojenta, dentre outros adjetivos do mesmo quilate. Foi dito, ainda, que Caetano Veloso é um artista que busca viver da Lei Rouanet, às custas do povo e de imbecis que lhe dão dinheiro", diz trecho da decisão.
A decisão cita, ainda, que não foram mostradas nenhuma prova que comprovasse as ofensas aos artistas. Além das falas, o gestual do apresentador e dos outros dois participantes também "sugerem o propósito de menoscabo e caráter sensacionalista da veiculação, o que, em hipótese alguma, pode ser confundido com a nobre atividade jornalística, com a lícita manifestação do pensamento ou o debate de ideias."
Ainda conforme a Justiça, isso configura dano moral e fere o artigo 5º da Constituição Federal, que assegura a inviolabilidade da honra e da imagem das pessoas.
Outro lado
A reportagem entrou contato com o apresentador e diretor da TV Alterosa, Ricardo Carlini, para que comentasse o processo, mas não recebeu resposta.