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Caso Lorenza: MP acusa médicos de fraude em atestado de óbito

Investigação indica que profissionais mentiram dados colocados no documento e que a vítima foi intoxicada e asfixiada

Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7

Corpo de Lorenza já estava pronto para cremação
Corpo de Lorenza já estava pronto para cremação Corpo de Lorenza já estava pronto para cremação

Além de denunciar o promotor André Luís Garcia de Pinho pelo feminicídio da esposa, o MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) denunciou os dois médicos que atestaram o óbito de Lorenza Maria Silva de Pinho por fraudarem o documento. A informação foi divulgada, nesta sexta-feira (30), pelo núcleo que investigou o caso.

Foram oferecedias duas denúncias por falsidade ideológica contra Itamar Gonçalves Cardoso e uma contra Alexandre de Figueiredo Maciel. Os profissionais eram os responsáveis pela ambulância do Hospital Mater Dei, acionada por Pinho, na madrugada do último dia 2 de abril, alegando que Lorenza havia passado mal.

Os dois atestaram o óbito por “pneumonite, devido a alimento ou vômito, e autointoxicação por exposição intencional a outras drogas”, o que confirmava a versão de André Pinho de que a esposa teria se engasgado enquanto dormia sob efeito de álcool. No entanto, segundo o promotor de Justiça Marcos Paulo Souza Miranda, membro da investigação, a informação é falsa.

— A necropsia constatou que não tinha nada no pulmão da Lorenza.

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Ainda segundo o promotor Marcos Paulo Miranda, no relatório médico, Cardoso e Maciel teriam relatado que Lorenza tinha "atividade elétrica sem pulso", ou seja, ainda estava viva, mas passava por um quadro que não era possível identificar a pulsação sem ajuda de aparelhos.

— A perícia indica que Lorenza já estava em rigidez cadavérica quando o socorro chegou. Então os médicos inseriram dados inexatos na declaração.

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Durantes as apurações, os investigadores analisaram o histórico médico de Lorenza no Hospital Mater Dei, onde ela tinha costume de se consultar. Segundo o MP, o prontuário médico dela na unidade tem mais de 14 mil páginas registradas entre 2015 e 2021.

A reportagem tenta contato com a defesa dos dois médicos e do Hospital Mater Dei.

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Cremação

Os membros da investigação, feita em cooperação entre o Ministério Público de Minas Gerais e a Polícia Civil, ainda destacaram que o corpo de Lorenza foi levado direto da casa para a funerária e iria passar por cremação. No entanto, o pai de Lorenza desconfiou da causa da morte e acionou a Polícia Civil, que determinou o encaminhamento do corpo para o IML (Instituto Médico Legal), onde passou por perícia.

O promotor André Luís Garcia de Pinho foi denunciado por feminicídio. Segundo o MP, Lorenza foi vítima de asfixia, ação contundente e intoxicação.

O promotor de Justiça Marcos Paulo Souza Miranda detalha que a intoxicação aconteceu por medicamentos em dosagem elevada e alto consumo de bebida alcoólica. A perícia do IML (Instituto Médico Legal) constatou que ela havia ingerido um opioide, medicamento analgésico, em quantidade maior que a indicada pelo médico dela.

Parte dos remédios foram usados por meio de duas fitas adesivas terapeuticas, que estavam no corpo de Lorenza quando ela morreu. De acordo com Miranda, André Pinho confirmou que ele colocou as duas fitas que, juntas, eram quatro vezes mais fortes que o percentual prescrito para o medicamento.

Além disso, o promotor Marcos Paulo Souza Miranda ressaltou que no dia anterior à morte, Pinho comprou uma garrafa de 2 litros de aguardente e levou para casa. Ele teria dito, em depoimento, que Lorenza consumiu aproximadamente meio litro.

— Comprovamos que André [Pinho] teve participação ativa na intoxicação de Lorenza. Ela não tinha histórico de consumo de álcool se não nos dias que antecederam a morte.

Relembre o caso

Lorenza morreu aos 41 anos, no dia 2 de abril, no apartamento da família, no bairro Buritis, região Oeste de Belo Horizonte. Os cinco filhos do casal, com idades entre 2 e 16 anos, estavam no imóvel, mas dormiam no momento.

No dia da morte, Pinho afirmou que a companheira havia se engasgado enquanto dormia sob efeito de remédios e álcool.

A ambulância de um hospital particular foi acionada e os médicos Itamar Gonçalves Cardoso e Alexandre de Figueiredo Maciel atestaram o óbito “pneumonite, devido a alimento ou vômito, e autointoxicação por exposição intencional a outras drogas”, o que reforçava a versão apresentada pelo promotor.

O corpo de Lorenza foi levado diretamente para uma funerária contratada pela família. No entanto, no dia seguinte, a Polícia Civil determinou que ele fosse encaminhado para o IML (Instituto Médico Legal), para perícia, onde ficou por 11 dias. A medida foi tomada após a família da Lorenza questionar as causas da morte. Lorenza foi enterrada em Barbacena.

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