Após o assassinato de Clara Maria Venâncio Rodrigues, os autores confessos teriam ingerido bebidas alcoolicas por horas na cena do crime, pensando o que fariam com o corpo. Thiago Shafer Sampaio e Lucas Rodrigues Pimentel foram presos pelo homicídio na quarta-feira (12). A informação consta nos depoimentos, os quais o Jornalismo da RECORD MINAS teve acesso.De acordo com o documento, Thiago tentou acessar as contas bancárias da vítima, mas não conseguiu. Depois, ele “passou a beber juntamente com Lucas, discutindo o que fazer com o corpo, que ficou caído sem roupas na sala durante toda a noite”, detalhou.A jovem foi encontrada coberta com terra e concreto no quintal da casa de Thiago no bairro Ouro Preto, na região da Pampulha, em Belo Horizonte. A Polícia Civil foi ao local depois que amigos de Clara denunciaram o desaparecimento. A última vez que eles tiveram contato com a jovem foi no domingo (9), quando ela disse ao namorado que iria até a casa de Thiago receber um dinheiro que ele devia a ela.Os dois trabalharam juntos em uma padaria por três meses. Durante este período, ele pegou dinheiro emprestado com a vítima. Thiago foi demitido do estabelecimento e alegou que não teve mais contato com Clara após sair da empresa. Ele contou à polícia que foi Lucas Rodrigues quem o procurou para arquitetar o crime.Lucas Rodrigues Pimentel conheceu Clara Maria por intermédio de Thiago. Segundo ele, Clara e Lucas tiveram um desentendimento. Os três estariam em um estabelecimento quando Lucas usou uma expressão nazista. A jovem teria o repreendido e, segundo testemunhas, Lucas não gostou.Segundo depoimento de Thiago, Lucas o procurou e sugeriu que eles matassem a garota. Eles teriam se encontrado dias antes para planejar o crime. Ele conta que agiu movido por dinheiro, mas que Lucas tinha ódio da vítima.Lucas teria dito a Thiago que eles “precisavam matar a Clara porque não aguentava mais ver a cara da menina e precisava se vingar”. Nesse momento, ele concordou com Lucas, pensando em ganhar dinheiro com a morte da Clara.Eles teriam planejado matá-la no domingo, pois na segunda, ela estaria de folga no trabalho e eles teriam mais tempo para ocultar o corpo. Os dois pretendiam acessar a conta bancária de Clara e transferir o dinheiro que estivesse lá para eles.No domingo, Thiago mandou uma mensagem para Clara convidando ela para ir até a casa dele e receber o valor devido. Segundo ele, ao entrarem na casa, Lucas atacou Clara por trás e a sufocou enquanto Thiago a segurava. Thiago relatou que eles tentaram acessar as contas da vítima usando reconhecimento facial e digital, mas não tiveram sucesso. Eles teriam ficado consumindo bebida alcoólica enquanto pensavam o que fazer com o corpo. Thiago conta, ainda, que Lucas proferiu ofensas contra a vítima, após a morte.“Lucas pegou uma faca que estava nos pertences de Clara e fez um corte na coxa direita da mesma, proferindo as seguintes frases: Toma aí, sua desgraçada, cadê que você vai falar alguma coisa agora? Discorda de mim agora”, contou Thiago, durante depoimento. O corpo de Clara foi enterrado em uma cova rasa, na própria casa de Thiago, apenas no dia seguinte.Lucas nega ter premeditado o crime e alega que Thiago era quem falava de matar a vítima, mas que ele nunca pensou que aconteceria de verdade. “Em depoimento, Lucas disse que Thiago havia lhe dito que estava com a intenção de matar Clara em virtude de uma dívida de R$ 400 que ele tinha com ela e porque ele teria sido demitido do restaurante (Padaria) onde trabalhava por conta de Clara. Lucas disse que não levou a sério a fala do Thiago e não achava que ele teria coragem de fazer isso”, aponta o documento da Polícia Civil.Lucas alega, ainda, que foi Thiago quem asfixiou Clara, enquanto ele segurava a vítima. Ele admite ter ajudado a esconder o corpo. Os dois negam ter abusado sexualmente da vítima. A Polícia Civil solicitou que a prisão seja convertida em preventiva, uma vez que “os investigados demonstraram periculosidade concreta, planejaram executaram o crime com requintes de crueldade, além de tentarem se apropriar dos bens da vítima”.