Logo R7.com
Logo do PlayPlus

Entidade denuncia falta de vacina para profissionais de saúde em MG

Secretário de Saúde foi demitido devido a escândalo sobre fura-filas; 806 servidores da pasta foram vacinados desde fevereiro

Minas Gerais|Enzo Menezes, Andréa Silva e Kiuane Rodrigues, da RecordTV Minas

Parte dos servidores do Hospital João 23 ainda não foi imunizada contra a covid-19
Parte dos servidores do Hospital João 23 ainda não foi imunizada contra a covid-19

Em meio a denúncias de irregularidades na vacinação de servidores administrativos da SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais), profissionais de saúde que trabalham na linha de frente do combate à covid-19 no Hospital de Pronto Socorro João 23, em Belo Horizonte, ainda não foram vacinados contra a doença.

De acordo com o presidente da Asthemg (Associação Sindical dos Trabalhadores em Hospitais de Minas Gerais), Carlos Martins, são dezenas de profissionais de saúde, que voltaram de férias ou de licença durante o mês de fevereiro e que foram privados da vacinação. Mesmo assim, eles continuam trabalhando. 

— Vários profissionais do HPS João 23 não foram vacinados, até hoje. Nem a primeira dose eles tomaram. São médicos, profissionais de enfermagem, enfermeiros, técnicos, pessoas que já estão trabalhando diretamente em contato com pacientes ou materiais contaminados. São profissionais que estão na linha de frente. 

Leia também

Martins critica a decisão da SES-MG de vacinar servidores administrativos enquanto há profissionais expostos diariamente ao coronavírus e que, ainda, não foram imunizados. 


— Nós achamos que todo mundo deveria ser vacinado, mas não é justo que, enquanto, assessores, secretários, pessoas que não estão lidando diretamente com ambiente contaminado ou cuidados com os pacientes de covid-19 sejam vacinados, em detrimento a esses profissionais dos hospitais que estão correndo risco. Não achamos correto a secretaria de saúde contradizer a propria regra que eles estipularam. 

Sem vacina


A auxiliar de enfermagem Olinda Martins, que trabalha há 17 anos na unidade de saúde, disse que estava de férias quando os colegas começaram a ser vacinados, ainda em fevereiro, e foi orientada a não comparecer ao Hospital para evitar aglomeração. 

No entanto, ao retornar ao serviço, em 25 de fevereiro, quando os colegas já estavam tomando a segunda dose, ela disse que a unidade não estava mais aplicando a primeira dose. 


— Me deram um documento de que a minha vacina estava garantida. Quando voltei, fui na segurança do trabalho para vacinar e recusaram, dizendo que não iam fazer mais a primeira dose e que não havia previsão. 

De acordo com Olinda, a informação era de que ela aguardasse "novos protocolos". No entanto, a vacinação no Hospital João 23 foi encerrada no dia 5 de março e ela não teve mais respostas.

— Eu acho absurdo e gostaria de saber onde colocaram a minha dose, pois se foi autorizada, foi separada a vacina para mim. Tem outras pessoas que também retornaram de férias e não conseguiram.

Outra técnica de enfermagem que atua no hospital, que não quis ser identificada, afirma que não conseguiu tomar a primeira dose da Coronavac em fevereiro por estar com problemas de saúde. Ela ainda não conseguiu ser imunizada.

— Achamos uma falta de respeito, inclusive porque teve coordenadores de outros setores que tomaram na frente de trabalhadores da linha de frente. Onde está vacina que não tomei? Em quem foram aplicadas as duas doses separadas para mim?

Fura-fila

Com a pressão causada pelas denúncias de irregularidades na vacinação de servidores dos mais diversos escalões da SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais), o governador Romeu Zema (Novo) demitiu o secretário Carlos Eduardo Amaral e anunciou, na manhã desta sexta-feira (12) um novo nome para a pasta.

O novo chefe da pasta é o presidente da Fhemig (Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais), o médico Fábio Baccheretti. responsável pela gestão das unidades de saúde estaduais, entre elas hospitais referência para atendimento à covid, como o Hospital Eduardo de Menezes, em Belo Horizonte, e o Hospital João 23.

O caso de vacinação de servidores da saúde foi revelado pelo R7 na última segunda-feira (8). Servidores do primeiro, segundo e terceiro escalões foram vacinados, mesmo estando fora dos grupos prioritários determinados pelo Ministério da Saúde. Ao todo, 806 funcionários da pasta foram imunizados.

Os servidores foram comunicados por meio de memorando interno. Cada área deveria indicar o nome dos servidores, a idade e se estava exercendo trabalho de campo ou em home office. Todos eles foram convocados para se vacinarem na Rede de Frio Estadual, no bairro da Gameleira.

O caso foi levado para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, que abriu uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar as denúncias. O Ministério Público e a Polícia Federal também abriram inquéritos para apurar a conduta das autoridades.

Outro lado

Em nota, a Fhemig informou que o Hospital João 23 foi uma das primeiras unidades a oferecer doses de vacina a seus profissionais de saúde, ainda no dia 20 de janeiro e que a aplicação da primeira dose se estendeu por várias semanas "com o objetivo de maior cobertura". 

"Assim como em todas as unidades, com o fechamento da imunização (as duas doses), serão solicitadas doses extras ao município para imunizar aqueles servidores que não puderam receber a vacina. Ressalta-se que se trata de uma parcela mínima de servidores ainda não imunizados - por estarem de férias ou licenciados por outros motivos", diz a Fundação, em nota.

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.