Familiares de vítimas da barragem da Vale fazem protesto no IML de BH
Peritos da Polícia Civil tem mais de 400 partes de corpos encontrados nas buscas para analisar; número de vítimas identificadas já chega a 200
Minas Gerais|Lucas Pavanelli, do R7 com Helen Oliveira, da Record TV Minas
Familiares de vítimas da tragédia em Brumadinho (MG) fizeram um protesto nesta terça-feira (12) na porta do IML (Instituto Médico Legal) de Belo Horizonte para pedir mais agilidade no processo da perícia. Eles aguardam há 47 dias uma confirmação oficial da morte de seus parentes que estavam na área da barragem I da Mina Córrego do Feijão. A reclamação das famílias se dá por conta da falta de informação e da demora na identificação dos corpos encontrados.
O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais confirmou nesta segunda-feira (11) que chegou a 200 o número oficial de mortes em decorrência da tragédia da Vale no município de Brumadinho. No entanto, no IML (Instituto Médico Legal) de Belo Horizonte ainda há pelo menos 400 partes de corpos para serem analisados pelos peritos da Polícia Civil de Minas Gerais.
A professora Andresa Rodrigues perdeu o único filho, de 26 anos, que era engenheiro.
— O silêncio enterra a gente junto. Amanheço pensando no meu filho, anoiteço pensando no meu filho, durante as refeições, tudo. E isso não tem notícia, desabafou.
Jéssica Evelyn, que perdeu dois parentes trabalhano em empresa terceirizada pela Vale manutanção em máquinas. O primo, Luiz Paulo Caetano foi encontrado em 29 de janeiro, quatro dias após o rompimento da barragem, mas a família só foi informada sobre a identificação do corpo um mês depois, no dia 28 de fevereiro. Já o irmão dela, Fracis Erick, continua desaparecido.
— A espera é um sofrimento muito grande e ela se torna maior ainda e se torna revoltante pelo mdoo como as famílias estão sendo tratadas.
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O diretor do IML, a equipe de médicos legistas e uma assistente social se reuniram com parentes das vítimas para explicar o motivo do tempo gasto na identificação dos corpos. Segundo eles, a complexidade do processo, que pode ir desde uma impressão digital até o exame de DNA é a razão da espera.
— A gente consegue fazer a identificação pela papiloscopia. pela impressão digital, em curto espaço de tempo. Outros casos, requererão exames mais elaborados, em que a gente faz comparações de fotografias, de imagens radiológicas. Se a gente tem um material em estado avançado de decomposição, possivelmente, vai ser mais difícil de fazer aquela análise para comparação, explicou o diretor do IML, José Roberto Rezende Costa.
Outro problema enfrentado pelos peritos é que, em alguns casos, chegam várias partes de um mesmo corpo, o que acaba tornando o processo de identificação ainda mais complexa.
— Um corpo chegou ao IML para verificação por impressão digital. Em seguida, vários fragmentos desse mesmo corpo aportaram ao INL e foram sendo identificados por DNA. Como a gente não sabia que esses fragmentos poderiam pertencer ao mesmo corpo, há toda uma logística, toda uma complexidade, completou Rezende Costa.
O diretor do IML também descartou que haja problemas na estrutura física e na quantidade de pessoal para exercer as funções. A Polícia Civil se comprometeu a passar, diariamente, número de casos pendentes e o número de pessoas identificadas.