Funcionários entram em greve e mais de 100 mil usuários ficam sem metrô em BH
Metroviários resolveram anunciar paralisação total, a partir desta quinta-feira (25), após a aprovação da privatização do sistema
Minas Gerais|Ana Gomes, Do R7
Os mais de 100 mil usuários que passam por dia pelo metrô de Belo Horizonte serão impactados pela greve do sistema. Desde o início da madrugada desta quinta-feira (25), os funcionários resolveram cruzar os braços após o processo de privatização da Companhia Brasileira de Trens Urbanos ter o aval do TCU (Tribunal de Contas de União).
Para que as partes tentem chegar a um acordo, a Justiça marcou uma audiência de conciliação entre representantes da CBTU e do Sindmetro-MG (Sindicato dos Metroviários de Minas Gerais). A reunião foi convocada após a empresa que administra o sistema metroviário pedir ao TRT (Tribunal Regional do Trabalho) que fosse aplicada uma multa de R$1 milhão ao sindicato a cada dia de paralisação.
Diante da solicitação, o desembargador César Pereira da Silva Machado Júnior convocou a audiência, às 15h30, por videoconferência.
Privatização do metrô
Na tarde desta quarta-feira (24), o Tribunal de Contas da União aprovou, por unanimidade, a privatização da CBTU. Com o aval, o edital de concessão do metrô de Belo Horizonte à iniciativa privada poderá ser publicado em até 30 dias.
Os metroviários, em contrapartida, afirmam que não foram consultados para participar da concepção do projeto de desestatização. A categoria teme que, com a privatização do sistema, os funcionários concursados sejam demitidos.
Com a aprovação, os servidores anunciaram paralisação total por tempo indeterminado. "Não temos outra alternativa. O TCU liberou a privatização do metrô. As consequências serão demissão dos concursados e passagem em dobro", escreveu o Sindmetro-MG no comunicado sobre a greve.
A privatização do metrô está atrelado à cisão da CBTU Minas da CBTU Brasil, estatal que administra praças de trens de passageiros também em outros estados. Assim que o processo for finalizado, a empresa que leiloar o sistema passará a ser o novo acionista controlador do negócio em Belo Horizonte, responsável por operar as linhas 1 e 2, que ainda será construída, do metrô da cidade.
Reflexos no transporte público
Enquanto o impasse do metrô não é resolvido, os usuários do transporte público de Belo Horizonte precisam buscar outras alternativas para se locomover pela cidade. Na manhã desta quinta-feira (25), passageiros enfrentaram pontos, estações e ônibus lotados.
Diante da situação, o Setra-BH (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte) informou que vai monitorar os efeitos da greve e aumentar o número de viagens dos coletivos. A representante das empresas informou ainda que a paralisação impacta diretamente no sistema metropolitano e que pode gerar uma queda de usuários na capital.
“O sistema de BH, neste cenário, pode ter inclusive impacto na diminuição de passageiros, pois o modal férreo tem capacidade maior e menos paradas, enquanto as linhas de ônibus metropolitanas temporárias e substitutivas fazem mais paradas e o passageiro, por esta razão, pode não necessitar da linha urbana”, informou.
Escala Mínima
Com o início da greve, a CDL/BH (Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte) solicitou ao Ministério Público do Trabalho e ao Sindemetro-MG a manutenção de escala mínima do funcionamento do metrô na capital mineira.
Em nota, a entidade informou que entende que o direito à paralisação é legítimo, mas que busca garantir o funcionamento do comércio na cidade. “Nos preocupamos com a sociedade que possui necessidades que dependem do transporte coletivo para serem solucionadas.” disse o presidente Marcelo de Souza e Silva.