Manifestação deve reunir 15 mil servidores da Segurança em BH
Policiais e bombeiros cobram do Governo de MG duas atualizações salariais prometidas e questionam o Regime de Recuperação Fiscal
Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7
Membros das forças de Segurança de Minas Gerais prometem realizar uma manifestação em Belo Horizonte, nesta segunda-feira (21), reivindicando atualização salarial para a categoria.
A Aspra-MG (Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais) estima que o ato deve reunir aproximadamente 15 mil pessoas, sendo 6.000 vindas do interior. Elas fazem parte do Corpo de Bombeiros e das Polícias Militar, Civil e Penal.
"Nós fizemos um acordo em que o governo havia prometido que seria feito um reajuste na recomposição salarial de três vezes, uma de 13% em 2020, uma de 12% em 2021 e outra de 12% em 2022. O que estamos reivindicando é que se cumpra esse acordo. Só a parcela de 13% foi cumprida até hoje", detalhou o sargento Marco Antônio Bahia, presidente da Aspra-MG.
A categoria também questiona a tentativa de adesão ao RRF (Regime de Recuperação Fiscal), programa federal que visa ajudar o Estado a colocar as contas em dia. A participação depende de aval dos deputados estaduais e da adoção de uma série de medidas, como a venda de estatais e o controle nos gastos do poder público.
O presidente da Aspra diz que os agentes temem perdas salarias com o programa. "O policial militar, a cada cinco anos, adquire um percentual de 10% do chamado quinquênio. Se houver a adessão ao regime, nós teríamos que ficar nove anos sem esse percentual e ainda não teríamos as promoções recorrentes que o policial teria ao longo da carreira. Então teríamos, ao longo desse período, um prejuízo de 38,5%", afirma o sargento.
Ainda segundo o militar, no lugar das duas atualizações salariais de 12%, o governo ofereceu um reajuste de 10,8%, acompanhando a inflação, para todos os servidores de todas as pastas. O bônus foi condicionado à adesão ao RRF, mas os trabalhadores temem perdas salariais com o programa.
A manifestação está marcada para às 9 horas, na Praça da Estação, na região central da capital mineira. Em seguida, os manifestantes devem sair em passeata pela cidade, finalizando a caminhada na Praça da Assembleia, na região centro-sul, por volta das 13h.
Mais de 100 ônibus e 40 vans foram contratados para transportar os manifestantes de outras cidades. Segundo a Aspra-MG, a escala dos agentes que estarão trabalhando não deve ser afetada.
Questionado sobre a possibilidade de greve, o sargento Bahia não descartou e nem confirmou a realização de uma paralização. "Isto vai depender do governo sentar conosco para conversar", disse.
Negociação
Procurado, o Governo de Minas voltou a afirmar que a adesão ao RRF vai dar "condições de aplicar a recomposição da inflação nos salários de todas as categorias do funcionalismo público, e dar continuidade ao pagamento das dívidas herdadas, como os repasses para os municípios e os depósitos judiciais".
A gestão de Romeu Zema (Novo) afirma que realizou a recomposição de 13% para a Segurança Pública, em 2020, "mesmo diante a todas as dificuldades financeiras enfrentadas e aprofundadas pela crise sanitária da pandemia".
O projeto está na ALMG (Assembleia Legislativa de Minas Gerais) aguardando análise desde 2019. No fim do ano passado, o pedido de urgência para votação da proposta foi parar na Justiça.
Em 2021, o Governo de Minas já foi alvo de protestos das forças de segurança devido às mesmas reivindicações.