MG usou "reserva técnica" para vacinar servidores da saúde
Doses de vacinas contra a covid-19 deveriam ser usadas para repor possíveis perdas e não foram distribuídas para os municípios
Minas Gerais|Vinícius Rangel, da RecordTV Minas
As doses de vacinas contra a covid-19 aplicadas em 828 servidores da SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais) que não faziam parte do grupo prioritário foram retiradas da "reserva técnica" do Estado. A informação foi confirmada ao R7 e à RecordTV Minas pela própria pasta. “No caso dos servidores vacinados as aplicações foram feitas diretamente pela SES e não entraram na conta dos municípios”, afirmou a assessoria.
A reserva técnica é composta por 5% do total de cada remessa recebida do Ministério da Saúde e, segundo o PNI (Plano Nacional de Imunização), deve ser usada para reposição de perdas de vacina pelos municípios ou pelo processo de transporte, bem como para ajuste de cálculo da distribuição das doses.
É essa reserva técnica utilizada, por exemplo, para repor as 229 doses que foram perdidas nas cidade de Igarapé, na região metropolitana de Belo Horizonte, devido a um problema no termostato do refrigerador utilizado para armazenar as doses dos imunizantes.
A SES não é responsável pela aplicação de vacinas, cabendo apenas recebê-las e repassá-las para que cada cidade coordene o processo de vacinação. Quando essas doses não são utilizadas, devem automaticamente ser redistribuídas entre os municípios.
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Porém, no caso da imunização dos próprios servidores da pasta, as doses foram retidas pela secretaria e a vacinação foi feita na Rede de Frios, central de distribuição do Governo, localizada em Belo Horizonte.
Caso isso não tivesse ocorrido, as vacinas que foram para os servidores, entre eles fotógrafos, assessores de comunicação e trabalhadores em home-office, sairiam da cota da capital, já que a Secretaria está ativa no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde no município de Belo Horizonte.
Fura-fila
O escândalo dos “fura-fila” na Secretaria de Saúde de Minas, revelado pelo portal R7, provocou a exoneração do então Secretário de Estado, Carlos Eduardo Amaral e do secretário-adjunto, Marcelo Cabral, além de outros servidores da Saúde. A Assembleia Legislativa criou uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o caso.
Em nota, a Secretaria afirmou que segue o regramento nacional e que este considera como trabalhadores da saúde a serem vacinados na campanha, os indivíduos que trabalham em estabelecimentos de assistência, vigilância à saúde, regulação e gestão à saúde; ou seja, que atuam em estabelecimentos de serviços de saúde, a exemplo de hospitais, clínicas, ambulatórios, unidades básicas de saúde, laboratórios, farmácias, drogarias.
Informou ainda que não houve prejuízo da entrega para os municípios e que todas as demandas de perdas técnicas foram atendidas.