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Substância que causou mortes no caso Backer está no centro de intoxicação de cães

Investigação confirmou a presença de etilenoglicol em petiscos; produto também contaminou cervejas de fábrica mineira

Minas Gerais|Ana Gomes, Do R7

Substância encontrada em petisco é a mesma que contaminou cerveja da Backer
Substância encontrada em petisco é a mesma que contaminou cerveja da Backer

O etilenoglicol, substância química que está no centro do escândalo de uma série de intoxicações de cães por todo o Brasil, é o mesmo produto que causou a morte de 10 pessoas, em 2020, após o consumo decervejas contaminadas da fabricante Backer.

Os donos dos animais procuraram a Polícia Civil denunciando que os cachorros foram intoxicados após o consumo de petiscos da marca Bassar Pet Food. Na última sexta-feira (2), as autoridades do órgão policial confirmaram a presença do monoetilenoglicol, também conhecido como etilenoglicol, no produto.

A substância não é utilizada pela indústria para a fabricação de petiscos. O composto usado é o propilenoglicol, que serve como umectante para evitar contaminação do alimento. O etilenoglicol, quando consumido, pode levar cães de pequeno porte à morte em questão de horas.

Segundo Eutálio Luiz Mariani Pimenta, médico veterinário e chefe do setor de emergência do Hospital Veterinário da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), caso o animal faça a ingestão de 4 a 6 ml/kg, pode vir a óbito. Até o momento, as mortes de 40 cães foram notificadas à polícia, mas, segundo apuração da Record TV Minas, o número de vítimas pode chegar a 51. 


Os donos dos animais relataram à polícia que os cães começaram a passar mal após o consumo de petiscos das linhas Every Day e Dental Care, da Bassar Pet Food. Segundo os tutores, os principais sintomas foram prostração, diarreia, vômito e falhas renais.

Fabricação de cerveja


Já no processo de fabricação da cerveja, o monoetilenoglicol é usado no processo de resfriamento da bebida, mas não deve ter contato direto com o líquido. Na época que o caso Backer veio à tona, a Polícia Civil concluiu que furos nos tanques de produção da fábrica, em Belo Horizonte, causaram a contaminação com os anticongelantes monoetilenoglicol e dietilenoglicol na cerveja.

Ao todo, 10 pessoas morreram em decorrência das intoxicações e pelo menos mais de 20 teriam apresentado problemas de saúde. Entre os sintomas mais comuns relatados pelos pacientes estão a insuficiência renal e paralisias motoras.


Investigação

Após a Polícia Civil de Minas Gerais confirmar a presença do monoetilenoglicol nos petiscos da marca Bassar Pet Food, a empresa alegou, por meio de nota, que não fabrica a substância, mas que compra o insumo de outra empresa. Mesmo assim, a fábrica da Bassar Pet Food foi interditada para investigações. 

Na quarta-feira (7), o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) constatou irregularidades em uma das fábricas fornecedoras da Bassar. Os problemas foram encontrados em dois lotes da substância propilenoglicol produzidos pela Tecno Clean Industrial Ltda. 

A fábrica da Tecno Clean, localizada em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, foi vistoriada pela vigilância sanitária da prefeitura nesta quinta-feira (8). Caso sejam constatadas irregularidades, o local pode ser interditado.

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