Vinho realmente faz bem para o coração?
Nas últimas décadas, associou-se o consumo moderado dessa bebida a uma boa saúde vascular, mas não é bem assim
MonitoR7|Do R7
Ao longo das últimas décadas, difundiu-se uma crença generalizada de que o consumo de vinho poderia ser benéfico para o coração, principalmente por levar em conta a baixa incidência de doença coronariana em habitantes de áreas onde se tem por hábito incluir a bebida no dia a dia.
As investigações que se seguiram apontaram para um componente: o resveratrol — composto químico (polifenol) encontrado em plantas, incluindo uvas, conhecido por suas propriedades antioxidantes e seus potenciais benefícios à saúde. Ele está presente em mais abundância no vinho tinto, e menos no vinho branco.
No entanto, ensaios clínicos recentes desafiaram a noção de que o resveratrol é uma “solução mágica” e mostraram que esse polifenol não exerce uma influência substancial no estado de saúde e no risco de mortalidade, escreveram pesquisadores em um artigo na revista Advances in Nutrition, em 2016.
Os autores discutiram a baixa biodisponibilidade — medida de quão bem uma substância é absorvida e fica disponível para uso pelo corpo — do resveratrol no vinho e os recentes esforços farmacológicos para melhorá-la.
Eles ressaltam que o resveratrol pode ser isolado e purificado de fontes biológicas ou sintetizado, mas que sua biodisponibilidade é pequena devido a fatores como baixa solubilidade e metabolismo rápido.
O artigo ainda abordou esforços farmacológicos recentes para melhorar a absorção do resveratrol e influenciar a transição entre os sistemas corporais em humanos.
Segundo o estudo, o vinho tinto contém cerca de 1,9 mg de resveratrol por litro. Há, porém, suplementos disponíveis com quantidades muito superiores.
"O resveratrol tem sido usado com mais frequência por adultos em doses de 250 mg a 1.000 mg por via oral diariamente por até três meses", descreve o site MedlinePlus, da Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA.
Dessa forma, seria necessário ingerir mais de 130 litros de vinho para consumir a dose de 250 mg.
Porém, não há estudos relevantes que atestam nem mesmo doses seguras e benéficas de resveratrol por meio de suplementos.
Dessa forma, tomá-los pode ser inútil ou até mesmo causar efeitos adversos.
Para tirar a prova, se realmente o vinho era um aliado da saúde cardiovascular, cientistas da renomada Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, foram à famosa região de Chianti, na Itália, e estudaram alguns moradores de lá.
Eles analisaram 800 homens e mulheres com 65 anos ou mais cujas dietas eram naturalmente ricas em resveratrol dos alimentos em geral, incluindo o vinho.
Em um artigo publicado em 2014 no Jama Internal Medicine, da Associação Médica Americana, eles mostraram que não houve ligação entre os níveis de resveratrol e as taxas de doenças cardíacas, câncer e morte.
Por fim, em 2018, um estudo global publicado na revista científica The Lancet afirmou que não existe nível seguro de álcool quando se trata de saúde.
Os autores constataram que os abstêmios (pessoas que nunca bebem) sofrem um risco menor de problemas de saúde relacionados ao álcool, enquanto aqueles que consomem uma, duas ou cinco doses de álcool por dia têm um risco um pouco maior, que aumenta à medida que o número de doses consumidas também sobe.
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