Voepass: Se for constatado crime, PF vai identificar funcionários responsáveis
O indiciamento criminal mira em pessoas
A pessoa, ser humano, é que responde por uma conduta criminosa. Mas para que alguém seja indiciado é preciso que haja um crime. Que seja identificado e comprovado. Mas houve um crime nessa queda do avião do Voepass? Ora, ainda não sabemos. É justamente por isso que existe uma investigação policial do caso…
Segundo o delegado Edson Souza, chefe da Polícia Federal em Campinas, onde corre o inquérito do acidente da VOEPASS, primeiro é preciso ter um relatório técnico minucioso informando o que aconteceu. A confecção desse documento deve levar um ano.
Após o trágico acidente com a aeronave PS-VPB da Voepass Linhas Aéreas, que caiu em um condomínio em Vinhedo, interior de São Paulo, com 62 pessoas e um cachorro a bordo, as especulações sobre as causas do desastre não param de surgir. A tragédia, como em outros casos, tem sido marcada por conjecturas sobre os motivos que levaram à queda do avião.
Desde o início, os holofotes se voltaram para o CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), ligado à FAB (Força Aérea Brasileira). No entanto, é importante destacar que o papel do órgão não é apontar culpados, mas sim identificar as causas do acidente para evitar futuras tragédias.
O CENIPA tem a função de analisar um conjunto de falhas que podem ter contribuído para o acidente, oferecendo um relatório final com recomendações para todos os envolvidos na aviação. Essas orientações visam promover mudanças em procedimentos, maior cautela e a realização de vistorias, de modo a garantir a segurança aérea.
Já a responsabilidade de identificar possíveis culpados recai sobre a Polícia Federal, que possui a prerrogativa de investigar acidentes aeronáuticos no Brasil. Uma equipe experiente, composta por profissionais treinados no próprio CENIPA, foi mobilizada para conduzir a investigação.
Esses especialistas já atuaram em casos de grande repercussão, como o voo Gol 1907, o voo TAM 3054 e até mesmo no acidente do voo MH17 da Malaysia Airlines, abatido na Ucrânia em 2014. A investigação da PF utilizará recursos tecnológicos avançados, como o mapeamento em 3D do local do acidente e simuladores que reproduzem as condições do voo no dia da tragédia.
Segundo o delegado da Polícia Federal em Campinas, Edson Souza, “essa é uma investigação complexa que levará tempo, pois depende de dados técnicos científicos e de uma análise conjunta com o CENIPA, o Instituto Nacional de Criminalística e o Núcleo Técnico-Científico de Campinas.”
Desde os primeiros momentos após o acidente, a colaboração entre o CENIPA e a Polícia Federal tem sido crucial, com ambas as instituições acompanhando os trabalhos e até mesmo a extração dos dados da caixa-preta da aeronave, essenciais para entender o que aconteceu no fatídico 9 de agosto.
Para assegurar que todas as etapas do inquérito sejam seguidas corretamente, a Polícia Federal acionou a Justiça Federal, garantindo que os dados obtidos pelo CENIPA possam ser utilizados como provas em um eventual indiciamento.
A Primeira Vara Federal de Campinas acolheu, após manifestações do MPF e AGU, a representação da Polícia Federal para ter acesso e compartilhamento da investigação do CENIPA. Na próxima segunda-feira (26), está agendada reunião entre PF e CENIPA, em Brasília, para alinhamento dos próximos passos da investigação
A investigação, que ainda está em sua fase inicial, deverá levar tempo para ser concluída. A primeira etapa, que envolve a produção dos laudos técnicos sobre a aeronave e o local do acidente, é considerada fundamental.
“Somente após a apresentação dos laudos é que se iniciam as oitivas das pessoas”, explica Edson Geraldo, destacando a importância de ter os elementos corretos para conduzir a investigação de forma objetiva. A expectativa é que o inquérito demore pelo menos um ano até ser concluído.
O chefe da Polícia Federal em Campinas, conclui: “Se houver crime, ele tem que ser atribuído à pessoa responsável. Vamos dar uma resposta definitiva a isso.”
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