Maia “queima caravelas” no DEM e acende jogo de 2022
Ex-presidente da Câmara mantém-se no centro das atenções ao rifar a própria vaga no Democratas e precipita cobiça de tucanos por aliança para suceder Bolsonaro
Christina Lemos|Do R7
Sete dias depois de ser fragorosamente derrotado, por mais que o dobro dos votos obtidos por seu candidato, o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM/RJ), trocou as lágrimas emocionadas pelo galão de gasolina. Numa entrevista incendiária, em que destilou mágoas contra a cúpula do próprio partido, e “fez leilão” de si próprio – como definiu o indignado governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM/GO) – Maia açulou a ambição do principal adversário de Bolsonaro, João Doria.
O governador de São Paulo sonha em trazer para o PSDB o próprio Rodrigo Maia e mais alguns seguidores – desejo que pode representar uma pequena revolução no ninho tucano e incluiria até a exclusão de Aécio Neves (PSDB/MG) do partido.
No mesmo dia em que colheu reações que foram do repúdio irado à advertência consternada de correligionários do DEM, Maia também recebeu a solidariedade de um comunista: o governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB – outro arqui-adversário de Bolsonaro. Dino lembrou “méritos” de Maia e pediu “convergências” para “derrotar a extrema-direita”.
Para alguns, em Brasília, o gesto de ruptura de Maia, conhecido pelo personalismo e pelo temperamento mercurial, passou do ponto. E mesmo num ambiente em que reconciliações inesperadas são consideradas normais, o deputado teria “queimado as caravelas” - expressão que, no dialeto brasiliense, significa assumir uma postura irreconciliável, que inviabiliza uma volta atrás.
A esta altura, o destino do ex-presidente da Câmara só não é uma incógnita em um aspecto: mesmo que aceite migrar para uma legenda de centro direita, exercerá um forte discurso de oposição a Bolsonaro, o que o torna um aliado cobiçado por qualquer dos adversários do presidente em 2022.
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