Abra mão do cafezinho e economize R$ 1 mil por ano
Poupar não é um bicho de sete cabeças e não exige renda alta. Basta ter planejamento e não gastar à toa
Economia em cinco minutos|Karla Dunder, do R7
Investir não é um bicho de sete cabeças, nem algo tão difícil. Para especialistas, não é preciso ter uma renda alta para guardar dinheiro, a palavra-chave é planejamento.
“No geral, todas as pessoas têm dificuldade em poupar, não importa a renda”, diz o professor da Saint Paul Investimentos Carlos Honorato.
“Ao contrário do que muitos pensam, a falta de planejamento financeiro não atinge somente a classe baixa. O que muda é que a pessoa que ganha mais em tese pode errar mais. Porém, é comum pessoas que ganham mais de R$ 10 mil por mês endividadas”, observa Daniela Casabona, Assessora de Investimentos da FB Wealth.
Para Honorato, investir é preciso pensar no custo de oportunidade: para fazer uma coisa é preciso deixar de fazer outra. É escolher entre gastar ou guardar o dinheiro. “Não importa o valor guardado, a dica é ter o hábito de poupar. Ter em mente que é possível deixar de gastar hoje para ter no futuro”.
O professor Honorato faz uma alusão à citação bíblica das vacas gordas e vacas magras. “Uma pessoa mais contida nas suas despesas, que usa o dinheiro com racionalidade, terá uma reserva para atravessar os períodos de crise”.
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Parece impossível? Não é. Sabe aquele cafezinho de todo dia? Esse valor pode ser guardado todos os dias. Tendo como referência o valor de R$ 4 uma xícara, ao fim do mês a economia pode chegar até R$ 100. Em um ano, o valor guardado será em torno de R$ 1 mil.
E quando começar? “Não existe idade para começar a poupar. É preciso guardar dinheiro para garantir tranquilidade no futuro ou para realizar sonhos. O cuidado deve ser para escolher o investimento certo para seus objetivos, suas necessidades, seu perfil de risco e sua idade”, afirma Carlos Eduardo Eichhorn, diretor da Mapfre Investimentos.
Passo a Passo
O primeiro passo é organizar o orçamento. Saber o quanto entra na conta todo o mês e quais são os custos fixos é fundamental. “Em um período de crise é normal que as pessoas prestem mais atenção nos seus gastos, o que é positivo, é preciso agir com racionalidade, não comprar por impulso ou gastar com coisas desnecessárias”, explica Honorato.
Com o orçamento em mãos, hora de quitar dívidas. Como observa Eichhorn: “Nenhum investimento hoje supera as taxas cobradas no cartão de crédito ou cheque especial”. Contas equilibradas, hora de definir o quanto investir e onde.
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De acordo com Honorato, para investir com segurança é preciso conhecer todas as modalidades e entender como elas funcionam. “O primeiro é buscar informações sobre cada tipo de investimento, analisar e comparar as taxas cobradas pelos bancos, no caso dos fundos, verificar quando é possível sacar o dinheiro sem ter perdas”.
Um fator que o poupador precisa estar atento é a sua inflação pessoal— o quanto seu custo de vida sobe e, em geral, é sempre maior que a inflação medida pelo governo. “Se o investimento remunerar menos, o dinheiro perderá valor”, explica Daniela.
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Estabelecer uma meta é um incentivo para criar o hábito ou ter a disciplina de guardar dinheiro. Uma viagem, um carro novo, a casa própria, faculdade dos filhos. “É preciso ter um objetivo e saber para o que está guardando. A partir daí, buscar o investimento que seja mais adequado: poupança e Tesouro Direto são mais seguros, mas o rendimento é mais baixo. Os fundos de renda fixa têm um período em que não é possível resgatar o dinheiro sem pagar taxas e impostos”. Os investimentos com um maior rendimento oferecem um risco maior.
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Eichhorn destaca também a importância da reserva emergencial, um dinheiro para ser usado em situações adversas. “Um remédio mais caro, um procedimento de saúde, uma obra de urgência na casa. É melhor ter uma reserva a ter de pegar um empréstimo ou contrair uma dívida”.
Dicas:
1.Faça um planejamento financeiro: poupe recursos considerando todos os compromissos assumidos e gastos mensais. Quite as dívidas com taxas elevadas antes, pois pode ser mais interessante a eliminação desse déficit do que a realização de um investimento conservador;
2.Defina seus objetivos: determine as metas e o horizonte de investimento para atingi-las. Isso varia ao longo da vida, assim é necessário entender qual o investimento ideal para alcançar o que almeja (comprar imóvel ou automóvel, casamento, aposentadoria complementar);
3.Crie uma reserva emergencial: após o planejamento financeiro, é aconselhável compor um patrimônio de segurança, investindo em ativos de baixo risco e alta liquidez para utilização em situações imprevisíveis;
4.Investimentos: escolha o instrumento financeiro ideal para atingir os objetivos definidos. Busque informações, pesquise avalie e compare taxas e carências.
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