A era do sofá
Prefeitura de Belo Horizonte decidiu trocar material dos semáforos da cidade para evitar o furto de fios de cobre
Eduardo Costa|Eduardo Costa
Todos nós já ouvimos a história: o homem pegou a mulher transando com outro no sofá de casa; indignado, vendeu o sofá. Vivemos uma época em que tal equívoco se repete com assustadora frequência e sempre revelando a falta de coragem das pessoas para resolverem as coisas, sobretudo os políticos.
Há meses, a Prefeitura de Belo Horizonte, sem solução para as constantes depredações na praça da Estação, que incluíram o roubo da cabeça da grande estátua de um leão, resolveu tirar as outras obras e guardar até quando ninguém sabe.
Nesta sexta-feira, cobradas porque antiga guarita da Polícia Militar vinha abrigando pessoas em situação de rua o que representava perigo para as transeuntes e trabalhadores da Avenida Barbacena, nossas autoridades mandaram retirar a guarita.
Mas, sem dúvida, a maior demonstração de que estamos vivendo o tempo do improviso é a questão dos furtos de cabos de semáforos na cidade. Os ladrões, em sua esmagadora maioria apenas usuários de drogas que querem qualquer coisa para trocar pela pedra de crack, furtam de casas, lojas, estações da Cemig, enfim, de todos os lugares, mas, gostam especialmente dos sinais luminosos. Até porque é mais fácil.
Cansada de esperar uma providência da Secretaria Municipal de Segurança Urbana, quem sabe da Guarda Municipal, ou da Polícia Militar, Polícia Civil, qualquer autoridade policial ou judicial, a Bhtrans resolveu tirar o sofá: já está trocando os cabos de cobre por outros, à base de ferro, para ver se diminui o apetite dos ladrões.
Eu não acredito que tantos agentes de segurança, de farda ou à paisana, sejam incapazes de acompanhar o ladrão e fechar o estabelecimento para o qual vende os cabos. Não acredito que os receptadores não sejam punidos e o assunto resolvido como sugere o mundo civilizado... Até porque, podem anotar, daqui a alguns dias eles vão ser orientados pelos espertalhões receptadores a furtarem outros objetos. E o desassossego vai continuar.
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