Ah, vai...
Transporte coletivo por ônibus é criticado há décadas pelos passageiros de Belo Horizonte
Eduardo Costa|Eduardo Costa
Já disse várias vezes neste espaço que não quero o elixir da juventude ou qualquer outro recurso que prolongue a vida para além da expectativa natural. Por muitas razões, ficarei em uma: o transporte coletivo por ônibus em Belo Horizonte.
Quando comecei no jornalismo, final dos anos 80, as queixas contra os ônibus pipocavam. E explodiram quando um rapaz chamado João Bitarães foi assassinado ao entrar em um coletivo na Rua Guarani. Depois de muita pressão da comunidade, que acompanhei de perto, a Empresa Barreiro perdeu a concessão do Bairro Independência e Ocelo Cirino, então superintendente municipal de transportes perdeu o cargo.
Em 1978, anunciaram a redenção: o governo do Estado criou a Metrobel, que mudaria tudo. Para melhor. Em 1987, quando ninguém aguentava mais, mataram a Metrobel e criaram a Transmetro. E disseram: agora vai. Em 1983, um político tradicional, Álvaro Antônio, assumiu a secretaria de Transportes do Estado, me convidou para andar de ônibus e jurou que tudo seria diferente. Dois anos depois, ele virou vice-prefeito da capital e repetiu as promessas. Em 1993, acharam a solução: o transporte por ônibus seria municipalizado porque, perto do prefeito, viria a solução.
Quando deputado, Délio Malheiros conseguiu proibir a Bhtrans de multar; quatro anos depois virou vice-prefeito e não tocou no assunto.
Quando Kalil candidatou-se prometeu abrir a caixa preta. Agora, ele abençoa uma CPI da Bhtrans e concorda em acabar com a empresa.
O que teremos no lugar? Um serviço municipal. Ué, voltaremos a 1978? Quando vamos ter melhorias? O presidente da CPI, candidato declarado à Prefeitura diz que daqui a uns 15 anos.
É mole?
Querem que acreditemos que vai melhorar...
Ai, volto a uma expressão da minha infância: Ah, vai...
E repito uma expressão atual: assim, eu não vou aguentar!
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