Sabe aquelas coisas que você vê e não consegue entender? Por exemplo, quando um Boeing inicia o processo de decolagem eu olho, considero toda a tecnologia envolvida, mas, continuo me perguntando que força motriz é capaz de colocar tanto peso no ar. Outro: a interligação de computadores do mundo inteiro na tal internet, com suas facilidades, suas infinitas aplicações, seus milagres, seus perigos, vai me impressionar para sempre. Mas, se você quer saber de uma coisa simples, porca, nojenta e mal educada que foge à minha capacidade de entendimento, lhe digo: é o fato de as pessoas não darem descarga após o uso do vaso sanitário. Começo a trabalhar no final da madrugada e, invariavelmente, as 6 e meia vou fazer um xixi, pois, afinal, depois, serão duas horas de jornal, com remotas possibilidades de desapertar. E, acredite, sempre, sempre mesmo quando vou atender à necessidade fisiológica o vaso está cheio. Por que o cidadão despacha a urina e decide que eu tenho de dar a descarga? Não pode ser preocupação com vírus porque o papel está sempre à disposição. Pressa? Não, a turma que me antecede não tem entrada ao vivo para fazer. Porcaria mesmo. Trabalho em duas empresas. O “podrão” é o mesmo. Na outra, perguntei a algumas colegas e elas me deixaram de queixo caído. Disseram que banheiro de mulher é muito mais sujo. Deus do céu! Ouvi cada estória de arrepiar todos os cabelos. Todos! Ouvi até que homens gostam de usar o banheiro delas e poderia estar aí a causa da desordem. Será? Quando o banheiro é de uso coletivo, de quem é a obrigação de mover a tampa? Elas, abaixando, ou nós, levantando? Ah, se a porcaria enoja com o vaso cheio de urina, imagina quando o colega faz o número 2? Tem os que simplesmente deixam lá. Outros dão a descarga, mas, não conferem se a viagem aconteceu. E aqueles que parecem caminhão velho com parafuso fora de centro no feixe de molas, ou seja, cabine para um lado, carroceria pro outro e deixam aquela borrada na lateral do vaso. Saem de fininho sabendo que – por enquanto – nos banheiros não há câmaras. Enfim, você pode até dizer que é assunto inapropriado, mas, quando seu home office acabar, vai me dar razão.