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Eduardo Costa - Blogs

Manifestação de insanidade

Uma mulher de 53 anos morreu após inalar fumaça durante um protesto em BH; nenhum político ou líder dos direitos humanos visitou a vítima no hospital

Eduardo Costa|Do R7

Manifestantes fizeram atos em Belo Horizonte, na última sexta-feira (14)
Manifestantes fizeram atos em Belo Horizonte, na última sexta-feira (14)

Eu não sou idiota o bastante para ser contra a manifestação. Seria um tiro no pé, pois, sem liberdade de expressão, perco meu direito de ganhar o pão fazendo o que amo. Entretanto, acredito que o direito de alguém termina quando começa o do outro. Tenho comigo que uma das maiores garantias constitucionais desse país é o sagrado direito de ir e vir. Então, me indigno com a omissão de nossas autoridades e o abuso em que se transformaram as ocupações de ruas e avenidas, preferencialmente nos horários e dias em que o movimento é maior. Já falei a respeito um sem número de vezes e volto ao assunto por causa de uma ocorrência, na última sexta-feira (14), na avenida Antônio Carlos, uma das principais vias de Belo Horizonte.

No chamado horário de pico, pouco depois de 7 da manhã, algumas dezenas (repito, dezenas) de manifestantes aparecerem com os pneus, colocaram fogo e impediram qualquer fluxo de veículos. O Move ficou imóvel e uma passageira de 53 anos, mãe de 8 filhos, aspirou aquela fumaça tóxica. Foi para o Hospital Risoleta Neves onde continua lutando pela vida. Repercussão? Nenhuma. Nenhum deputado, vereador ou líder dos direitos humanos foi visitar a vítima. Nenhum governante enviou votos de plena recuperação a essa senhora e seus familiares. A sensação é de que ela estava no lugar errado, não devia ter ido trabalhar naquela manhã, fazer uso de transporte coletivo nem passar em frente a uma universidade federal.

Punição? Bom, a Polícia Militar tem dificuldades. Afinal, os vândalos escondem os pneus dentro do campus da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), onde a PM não pode entrar – é reduto federal. Põem fogo, causam estragos e, quando os soldados chegam, correm de novo para o outro lado da cerca. É verdade que os soldados filmaram e até já repassaram à Polícia Civil as imagens. Mas, como punir se a maioria usa “bandanas”, isto é, máscaras. E eu pergunto: faz sentido alguém manifestar-se na porta de um centro universitário mascarado?

Tristeza. Sem falar nos miguelitos (pregos retorcidos preparados para furar pneus) e que foram espalhados pela cidade também naquela manhã. É inacreditável o silêncio de nossas autoridades, dos que deveriam zelar pela ordem em nosso nome.

Terra sem lei. Aonde meia dúzia estraga a vida de milhões.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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