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Você tem ouvido os sabiás?

A espécie "Sabiá-Laranjeira" tem sido mais vista e ouvida em algumas cidades brasileiras neste período do ano

Eduardo Costa|Eduardo Costa

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Sabiá-Laranjeira é facilmente identificado pelo canto
Sabiá-Laranjeira é facilmente identificado pelo canto

Nesta época do ano, eles estão no telhado lá de casa, numa mangueira aqui da rádio, no estacionamento da Avenida Pasteur, região dos hospitais... Por toda parte. Você tem ouvido o canto do Sabiá-Laranjeira?

Por mais triste que possa parecer, o sabiá só foi notícia de repercussão nacional em 2013, quando acusado por moradores de São Paulo de importuná-los durante o sono. A ave símbolo do país, cujo nome científico é “Turdus rufiventris” é só uma das 300 espécies espalhadas pelo mundo. Naquela época, um especialista decidiu investigar o incômodo, pois, toda ave canta, por questão de sobrevivência: no mundo deles, os indivíduos que cantam mais alto e com repertório maior de notas são os que têm mais chance de manter seus territórios, com abundância de alimentos, conquistar fêmeas e obter sucesso reprodutivo. E esta época é a do acasalamento, então, natural que façam mais barulho.


Disse Sandro Von Máter que o canto é tão importante para uma ave como o celular para nós, hoje. E ele foi quem criou um projeto, “A hora do Sabiá”, contando com muitos voluntários para tentar entender a razão de os sabiás estarem cantando mais cedo que o habitual e importunando o sono dos paulistanos. Tornou-se o maior monitoramento colaborativo da América do Sul, com participação de milhares de pessoas.

E o mistério foi desvendado: os sabiás de São Paulo estavam cantando, em média, 5 horas antes de seus parentes do interior, por causa da poluição sonora, causada principalmente pelo trânsito. E é incrível: dependendo de onde você mora, ele vai cantar mais cedo, talvez para competir com o barulho e avisar que está na área, enquanto a fêmea cuida do ninho.


Me desculpem, mas, não consigo acreditar que esse canto possa incomodar alguém.

Canto que inspirou poetas consagrados como Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Jorge Amado, Tom Jobim, Luiz Gonzaga, Chico Buarque, Roberta Miranda e Marisa Monte. Mas entre todas as homenagens, uma se destaca na memória popular, o poema Canção do Exílio onde o inconfidente Gonçalves Dias imortalizou a ave em seus famosos versos: “Minha terra tem palmeiras, onde canta o Sabiá, as aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá”.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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