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Opinião: O Julgamento dos Justos: a África do Sul, seus aliados e a diplomacia que o Brasil renega

Mundo precisa de lideranças comprometidas com a verdade, não de tribunais capturados por narrativas políticas

Espaço Prisma|Claudio Lottenberg*, especial para o R7

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Rio de Janeiro (RJ), 06/07/2025 - Cyril Ramaphosa (África do sul), chegando para participar da foto oficial do Brics. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
África do Sul, do presidente Cyril Ramaphosa, denunciou Israel na Corte Internacional de Justiça Joédson Alves/Agência Brasil - 6.7.2025

A denúncia apresentada pela África do Sul contra Israel na Corte Internacional de Justiça sob a alegação de genocídio escancara uma perigosa instrumentalização política do direito internacional. Liderado por um governo com sérias fragilidades internas, atolado em crises de energia, violência e corrupção, o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa optou por mirar em Israel enquanto seu país clama por soluções reais. Não por acaso, a ação contra o Estado judeu tornou-se um catalisador para a união de regimes ideológicos, autoritários e seletivos na defesa dos direitos humanos.

A lista dos países que decidiram apoiar essa cruzada é reveladora. Entre os mais engajados, estão Irã, Cuba, Venezuela, Nicarágua e Síria, todos marcados por perseguições políticas, censura sistemática, prisões arbitrárias e, em alguns casos, financiamento direto a grupos terroristas. São Estados que, quando falam em justiça, falam apenas da justiça que lhes serve à narrativa. Ao lado deles, somam-se líderes como Pedro Sánchez, que faz da política externa um instrumento partidário, e Gustavo Petro, presidente da Colômbia, que tem se destacado por seu discurso radical e sua hostilidade contra Israel.


Petro, aliás, é um dos símbolos mais evidentes dessa distorção moral. Sob seu governo, a Colômbia vive uma escalada de insegurança, enfraquecimento institucional e frustração econômica. Seu compromisso é com o ideológico, não com o bem-estar do povo colombiano. Em vez de unir o país em torno de reformas e estabilidade, Petro se dedica a alimentar polarizações e a projetar sua retórica para temas internacionais nos quais exibe mais paixão do que responsabilidade. Atacar Israel tornou-se, para ele, uma forma de se posicionar no tabuleiro da extrema ideologização global, mesmo que isso custe credibilidade externa e coesão interna.

Israel, por sua vez, é uma democracia com Judiciário independente, liberdade de imprensa e alternância de poder. Desde 1948, enfrenta ameaças existenciais e ataques contínuos de grupos cuja carta fundadora prega sua destruição. Foi exatamente isso que se viu em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas promoveu um dos piores massacres de judeus desde o Holocausto. Mesmo assim, a ação terrorista é minimizada ou ignorada por aqueles que hoje acusam Israel de genocídio. Não por convicção jurídica, mas por conveniência ideológica.


É nesse contexto que o Brasil, tristemente, se soma ao movimento. A tradição diplomática brasileira construída com equilíbrio, credibilidade e mediação foi substituída por um alinhamento automático a governos que atacam Israel com obsessão e distorcem os fatos com cinismo. O governo brasileiro relativiza a ameaça do Hamas, omite a complexidade da guerra urbana e ignora o esforço de Israel em mitigar danos civis, como demonstra a criação de corredores humanitários e os alertas prévios aos ataques.

Ao se deixar levar por esse viés, o Brasil não apenas compromete sua postura histórica como potência diplomática, mas também desqualifica o próprio princípio de justiça internacional. O direito, para ser respeitado, exige coerência. A denúncia da África do Sul, apoiada por regimes que desprezam a democracia, expõe não a culpa de Israel mas a hipocrisia dos que, em nome da paz, escolhem o lado do radicalismo.


O mundo precisa de lideranças comprometidas com a verdade, não de tribunais capturados por narrativas políticas. O Brasil deveria ser parte dessa liderança. Em vez disso, tornou-se coadjuvante de uma farsa.

*Claudio Lottenberg é médico oftalmologista e presidente da Conib (Confederação Israelita do Brasil)

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