Família de vítima pede R$ 1,4 bi de indenização pelo acidente entre avião e helicóptero em Washington
Advogados entraram com ações pré-processuais contra a Administração Federal de Aviação e o Exército dos EUA

A esposa de um homem de Connecticut que morreu na colisão entre um voo comercial e um helicóptero militar americano no mês passado, perto do Aeroporto Nacional Ronald Reagan em Washington, DC, entrou com o que se acredita serem as primeiras ações judiciais sobre o acidente que matou todas as pessoas a bordo das duas aeronaves.
As reivindicações de Rachel Crafton foram apresentadas na terça-feira (18) contra a Administração Federal de Aviação e o Exército dos EUA, cada um buscando US$ 250 milhões (R$ 1,4 bi) por supostas irregularidades que levaram à colisão e morte de Casey Crafton, 40, de Salem, Connecticut, de acordo com seu advogado de Chicago, Robert Clifford.
Advogados de aviação do escritório de advocacia Clifford Law Offices, sediado em Chicago, entraram com ações pré-processuais contra a Administração Federal de Aviação e o Exército dos EUA em relação à colisão aérea de 29 de janeiro em Washington DC. Se a FAA e o Exército rejeitarem ou não agirem sobre as reivindicações dentro de seis meses, um processo civil por homicídio culposo pode ser aberto em um tribunal federal.
“As famílias estão entrando com esta ação para atingir seu objetivo de dar o primeiro passo em direção ao que o mundo inteiro sabe que será um eventual litígio contra a FAA por seu controle de tráfego aéreo e o Exército dos EUA em relação às operações do helicóptero”, disse Clifford em uma entrevista na quarta-feira (19).
Clifford, que disse representar outras famílias de vítimas do acidente, disse que as alegações foram baseadas em comentários públicos feitos por autoridades federais sobre o acidente, incluindo suposta falta de pessoal na torre de controle de tráfego aéreo, o piloto do helicóptero voando acima do limite de 200 pés (61 metros) perto do aeroporto e falhas de comunicação entre o controle de tráfego aéreo e a aeronave.
Clifford também enviou cartas à American Airlines, Sikorsky Aircraft e Collins Aerospace exigindo que preservassem qualquer evidência relacionada ao acidente.
A FAA disse na quarta-feira que não comenta sobre potenciais litígios. O Exército não retornou imediatamente um e-mail solicitando comentários.
Colisão no ar
Em 29 de janeiro, o voo 5342 da American Airlines estava chegando de Wichita, Kansas, transportando 60 passageiros e quatro tripulantes, enquanto se aproximava do Reagan National para pousar em uma noite clara de quarta-feira. Ao mesmo tempo, um Black Hawk do Exército, fabricado pela Sikorsky, estava em um exercício de treinamento com três soldados a bordo. As duas aeronaves colidiram e mergulharam no Rio Potomac, matando todos a bordo do jato e do helicóptero.
Como informa a rede ABC, foi o acidente aéreo mais morta no país desde 2001, quando um jato caiu em um bairro de Nova York logo após a decolagem, matando todas as 260 pessoas a bordo e mais cinco no solo.
Leituras imprecisas
Os investigadores disseram que o helicóptero pode ter tido leituras de altitude imprecisas nos momentos antes do acidente, e a tripulação pode não ter ouvido instruções importantes dos controladores de tráfego aéreo. A colisão provavelmente ocorreu a uma altitude de pouco menos de 300 pés (91 metros), enquanto o avião descia em direção ao helicóptero, que estava bem acima do limite de 200 pés (61 metros) para aquele local.
Clifford também citou um relatório da FAA que disse que a equipe de controle de tráfego aéreo “não era normal” no momento do acidente. Um controlador de tráfego aéreo era responsável por coordenar o tráfego de helicópteros e aviões chegando e partindo, quando essas tarefas são frequentemente divididas entre dois controladores, disse o relatório. Mas o aeroporto normalmente combina essas funções à noite, quando o tráfego começa a diminuir.
Casey Crafton era um gerente de suporte técnico de uma empresa de consultoria de aviação que estava retornando de uma viagem de negócios para Wichita quando morreu. Ele e Rachel Crafton tinham três filhos pequenos, de 7, 10 e 12 anos.