Jatinho perde controle durante o pouso, sai da pista e fecha aeroporto de Congonhas em SP
Pilotos perderam o controle e avião quase caiu no barranco que separa o terminal da área urbana. Suspeita é de estouro dos pneus do trem de pouso principal. Não há registro de feridos entre os 5 ocupantes
Luiz Fara Monteiro|Do R7
Um Learjet 75 perdeu o controle ao pousar na pista 35L (esquerda) do Aeroporto de Congonhas no início da tarde deste domingo (09) e parou próximo ao barranco que separa o pátio da área urbana.
De acordo com as informações, 2 tripulantes e 3 passageiros estavam a bordo e ninguém ficou ferido.
O avião de prefixo PP-MIX tinha decolado do Aeroporto de Foz do Iguaçú, no Paraná.
A principal suspeita até agora recai sobre um possível estouro dos pneus do trem de pouso traseiro, causando a saída de pista.
Segundo a Infraero, as operações de pouso e decolagem no Aeroporto de Congonhas foram liberadas às 22h18 deste domingo. "A pista estava interditada desde 13h32, após uma aeronave de pequeno porte apresentar problemas durante o pouso, causando saída de pista e parando na taxiway. Cinco pessoas estavam na aeronave e não sofreram ferimentos", afirmou a assessoria de imprensa da Infraero. As investigações sobre a causa do acidente estão sendo conduzidas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes (Cenipa), órgão do Comando da Aeronáutica".
Durante as quase 9 horas com pistas fechadas, Congonhas registrou 140 voos cancelados em decorrência do incidente, sendo 73 partidas e 67 chegadas. 13 estados e o Distrito Federal foram afetados com os cancelamentos.
Entre os estados afetados com os reflexos do incidente estão o Rio de Janeiro, Goiás, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Bahia, Mato Grosso, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e o Distrito Federal.
A aeronave pertence a uma empresa particular do ramo de concreto. A situação da aeronave é normal, segundo pesquisa no site da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).
O blog teve acesso ao boletim meteorológico do momento do acidente.
O documento, conhecido na aviação como METAR, revela a existência de CB a 3.500 pés, chuva recente e vento de cauda.
CB é a sigla de CUMULONIMBUS, formação de nuvens com forte desenvolvimento vertical, o que limita o uso do espaço aéreo e pode afetar os procedimentos de pouso e decolagem devido às cortantes de vento geradas pelas fortes correntes, ascendentes e descendentes, em torno da nuvem.
Muitos voos que tinham Congonhas como destino foram desviados para Campinas (SP), Confins (MG) e Galeão (RJ).
A INFRAERO se comprometeu a prestar informações aos passageiros que tiveram suas decolagens canceladas, após o incidente.
Especialista em Segurança de Voo, o Comandante Paulo Licati lembra que o Aeroporto de Congonhas, é o primeiro da América Latina a possuir o sistema de parada de aeronaves (EMAS), feito com uma mistura de vidro reciclado e concreto celular, este sistema foi projetado para parar uma aeronave com velocidade em até 50 Kts ou 92,6 quilômetros por hora.
"Este sistema ainda passa por processo de certificação junto a ANAC, após isso o DECEA deve publicar a área nas cartas (mapas) do aeroporto. Outro tema muito importante abordado pela Flight Safety Foundation é o treinamento dos pilotos, visto que em alguns casos, em pistas com o EMAS instalado, os pilotos optaram por virar a aeronave para lateral da pista, causando danos maiores do que sair na área projetada para estes casos", afirma Licati
O Comandante lembra que em 9/11/2017 a Federação Internacional dos Pilotos de Linha Aérea (IFALPA) chegou a emitir um boletim passando algumas recomendações aos pilotos, caso seja iminente a ultrapassagem, dos limites da pista como mostram os tópicos a seguir:
1 -Continue a desaceleração
Independente da velocidade da aeronave ao sair da pista, continue seguindo os procedimentos de reject takeoff, ou de pouso, utilizando os procedimentos de frenagem máxima descritos no manual de voo da aeronave.
2 - Mantenha a linha central da pista
Não virar para esquerda ou direita do EMAS, continuar em frente irá maximizar a capacidade de parar. A qualidade de desaceleração será melhor dentro dos limites do EMAS.
3 - Mantenha a desaceleração da aeronave
O EMAS é um sistema passivo, então esta é a única ação requerida pelo piloto.
4 - Após a parada da aeronave
Não tente taxiar ou mover a aeronave, a aeronave precisará ser rebocada.
5 - Evacuação
Siga os procedimentos do seu operador ao tomar qualquer decisão de evacuação.
Paulo Licati reforça que o treinamento é essencial para a utilização de qualquer tecnologia e equipamento de segurança.
Outro fator que deve ser chamado a atenção de todos, é que a Organização Internacional de Aviação Civli (OACI), requer que todos aeroportos tenham uma área de escape de 150 metros após os limites da faixa de pista, aonde não for possível, em caso de expansão urbana ou geográfico, um método alternativo pode ser aceito, como é o caso do EMAS que garante a parada de uma aeronave em menor espaço.
"No Brasil, ainda temos a esperança que o governo inicie as obras no aeroporto Santos Dumont o mais breve possível, como ja anunciado pela Secretaria de Aviação Civil. A segurança suporta o negócio aviação", apela o Comandante Licati.
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