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Moto, Segurança e Trânsito - Blogs

Avaliamos a Royal Enfield Interceptor 650:  Simplesmente cativante

Royal Enfield apresentou sua nova bicilíndrica ao público brasileiro durante o Salão Duas Rodas 2019, é a moto de entrada no mundo das clássicas 

Moto Segurança e Trânsito|André Garcia, do R7


Moto com cara de moto, cativante com o público, mesmo parada na garagem chama atenção de quem não curte moto
Moto com cara de moto, cativante com o público, mesmo parada na garagem chama atenção de quem não curte moto

A Royal Enfield Interceptor 650 é daquelas motos com cara de moto, como muito se ouve falar no mundo das duas rodas, algo que de uns anos para cá, cada vez mais consumidores buscam simplicidade no estilo vintage ante uma complexidade tecnológica com TFT, controle de tração, ABS de curva, emparelhamento com celular,...etc…Foi apresentada em Milão durante o EICMA de 2017 e chegou oficialmente ao Brasil no Salão Duas Rodas em 2019.

Após apresentação técnica, sai da sede em São Paulo e ao invés de rumar para casa como sempre faço, fiz um tour pela cidade, isso se deve pelo fato da moto passar algo prazeroso durante a pilotagem.

Antes de montar, apreciando a moto você nota que a qualidade de acabamento é superior a das suas irmãs da marca.

A avaliação foi com a unidade de cor Baker Express Custom, a cor que acho mais bonito; ao montar você nota uma boa ergonomia, banco que fica a altura de 804 mm, mas que este que vos fala com 1,65 de estatura consegue colocar ambas as pernas no chão, porque a moto é estreita, pedaleira um pouco mais alto que o normal e levemente recuadas que propicia as pernas abraçarem o tanque com capacidade de 13.7 litros, braços ficam bem relaxados ao guidão que tem nos punhos todos os botões na posição adequada e bom ao toque.


Ao ligar, um som compassado dos dois cilindros em linha, refrigerado a ar e óleo com 4 válvulas, com ordem de ignição defasada em 270º, comando simples que oferece 47 cv a 7250 RPM e delicioso torque de 5,3 Kgfm a 5250 RPM. A engenharia preocupou-se em desenvolver o motor com taxa de compressão baixa de 9,5:1 pensando nos países subdesenvolvidos que oferecem gasolina de menor qualidade. Vale ressaltar que esse motor foi desenvolvido do zero, por ninguém menos que que o experiente Simon Warburton, o homem que deixou a sua longa liderança técnica da Triumph Motorcycles e que se tornou o responsável máximo do departamento de desenvolvimento e investigação da Royal Enfield, sediado em Inglaterra, e que representa o futuro da marca indiana que se firmou como o fabricante de motos com a maior expansão da última década.

Ao engatar a 1ª marcha uma grata surpresa, a embreagem assistida é uma manteiga e assim se mostrou durante todo tempo, o câmbio é bem escalonado e mesmo em tráfego pesado com trânsito, propicia engates precisos até a 6ª marcha, nada de solavancos ou falsos neutros.


Moto para dia a dia ou finais de semana
Moto para dia a dia ou finais de semana

Nota: No trânsito pesado de São Paulo três características chamaram minha atenção: o baixo calor que o piloto sente e o bom ajuste realizado nas suspensão, já o banco que inicialmente parece confortável, depois de 1 hora a poupança começa a reclamar, a espuma apesar de boa densidade podia ser mais mole. A terceira é que devido ao seu curto entre eixos de quase 1,40 m (exatos 1.398 mm) somado ao chassi (que falo a seguir) sua tocada e as manobras necessárias no trânsito se tornam muito fácil, é uma moto na mão o tempo todo. 

Seu quadro, um tubular de berço duplo em aço, foi desenhado pela Harris Performance e mostra boa rigidez, especialmente, quando exigida em curvas de todos os tipos de velocidades alta, baixa ou média. Somando a suspensão com garfo de 41 mm de diâmetro com 110 mm de curso na dianteira e dois amortecedores com reservatórios externos de óleo com 88 mm de curso na traseira, com rodas raiadas de alumínio de 18 polegadas calçadas com os bons pneus Pirelli Phantom 100/90 na frente e 130/70 na traseira, não é difícil raspar a pedaleira em trechos de serra como fiz fazendo um passeio até São Roque via Raposo Tavares.


O som rouco fica a encargos dos dois belos escapamentos que ajudam a completar a beleza clássica. 

Painel tradicional com mostradores de velocidade e rotação analógicos e demais informações na forma digital
Painel tradicional com mostradores de velocidade e rotação analógicos e demais informações na forma digital

Engraçado que em movimento ou mesmo durante manobras em baixa velocidade ou deslocando a moto desligada, se não ler no manual ou não te contaram, você não vai imaginar que seu peso em ordem de marcha, ou seja, com todos os fluidos e tanque cheio é de 202 kg, isso se deve a boa distribuição de peso.

Para parar a Royal Enfield equipou a Interceptor com freios Bybre, subsidiária da Brembo que equipa as motos de baixa cilindrada da KTM e BMW. Na dianteira disco simples flutuante e ventilado de 320 mm com pinça deslizante, de 2 pistões com ABS e traseira, também, disco simples de 240 mm, de 1 pinça com ABS. É o suficiente, tem boa mordida inicial com boa progressividade.

Ágil no trânsito, muda relativamente rápido de direção, passa bem nos corredores da caótica São Paulo e falar em vibração na sua faixa de uso que vai de 1500 RPM a 5500 RPM é um sacrilégio. Vibração incômoda, você vai sentir acima de 6500 RPM em 6ª marcha quando já estiver cometendo infração de trânsito, a Interceptor é moto para desfilar nas áreas urbanas ou rodovias até 110 km/h naquele estilo “Easy Rider”, é algo gostoso porque é daquelas motos não visadas e que empolga transeuntes e motoristas pelo seu estilo clássico. Bem ao contrário quando piloto uma Big Trail e deixo aqui um recado ao Senhor Governador João Dória: no lugar do Senhor eu teria vergonha da falta de segurança, já que o cidadão paulista não tem paz para andar de moto Big Trail. Temos que pilotar com a faca nos dentes, ou tomamos multa ou somos abordados por marginais.

Considero seu rodar macio devido suas características: bom acerto de suspensão com roda raiada (que alivia bem impactos) e pneu gorducho que alia absorção de impactos com esportividade quando exigido, por incrível que possa parecer a sensação de durinha começa quando a poupança fica quadrada devido ao banco com o passar do tempo de pilotagem.

O painel analógico para velocidade e rotações por minuto e digital para hodômetro total e dois parciais (trip 1 e 2) e marcador de combustível oferece boa leitura.

Vale ressaltar que peguei essa moto com pouco mais de 300 km e devolvi com mais de 700 km, ou seja, ainda estava em fase de amaciamento, o que justifica o consumo sempre na faixa de 23,5 Km/l, o que acredito melhorar com o passar dos quilômetros.

Apesar do seu estilo clássico e hipoteticamente fazer concorrência a outras clássicas, não considero a Royal Enfield Interceptor concorrente das clássicas da Triumph, devido ao preço, podemos dizer que se trata de uma moto que é a entrada no mundos das clássicas, é contestável, mas quem tem mais dinheiro, vai exigir algo mais refinado em termos de acabamento e de tecnologia, não que o acabamento seja ruim, como já disse acima, mas não supera as inglesas puro sangue, por isso, afirmo que é uma moto honesta, raiz, oferece qualidade e seu preço é justo, algo difícil nos dias de hoje com a desvalorização do Real.

Na hora de abastecer tristeza pelo preço do combustível e alegria por descobrir que um motor 650cc é econômico
Na hora de abastecer tristeza pelo preço do combustível e alegria por descobrir que um motor 650cc é econômico

Nota: É moto para que gosta de fuçar como mecânico nos finais de semana ou que curte customização

Por fim, respondendo alguns leitores, é sim uma moto para iniciantes porque tem ABS de duplo canal e pilotar é suave dado a aceleração linear, assim como aos mais experientes é diversão na certa.

Mais informações no site e veja a concessionária que oferece test-ride

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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