Avaliamos BMW F 850 GS: Preparada para te levar até o fim do mundo
BMW Motorrad mexeu por completo e tornou a F 850 GS mais confortável para o ambiente urbano e rodoviário, sem tirar suas qualidades superlativas para off road, tudo com muita tecnologia
Moto Segurança e Trânsito|André Garcia, do R7
Quando fechei a data com assessoria de imprensa da BMW Motorrad Brasil para pegar a nova F 850 GS, me veio à mente o seu lançamento em 2008 na pista de testes da Pirelli como F 800 GS na cor amarela, que contava com um banco a 890 mm do solo e meu trabalho extra, dado minha baixa estatura (1,65 alt). De lá para cá andei em todos os modelos da linha com seus aperfeiçoamentos e é muito interessante como o fabricante vai alterando o projeto para atender melhor o cliente.
A atual F 850 GS foi apresentada à imprensa internacional lá em 2017 no Salão de Milão, chegou em 2019 no Brasil e bastou a potência declarada ser de 80 cv a 6250 RPM, já que na Europa é de 95 cv, para os experts de redes sociais palpitarem sem ao menos ter andado na moto. O motivo dessa diminuição de potência por mapeamento, se deve a legislação brasileira de ruído ser mais rigorosa, mas já adianto: não faz falta e sendo bem sincero, se a BMW não tivesse contado só seria possível descobrir com dinamômetro. :
A moto avaliada é com o pacote “Premium +” ficou bonita e totalmente nova em relação a linha 800: a ergonomia melhorou, mesmo com o banco a 860 mm de altura do solo, é perfeitamente manuseável aos baixinhos, claro que precisa de jeito, mas não passei qualquer perrengue.
Você se sente vestido, pernas bem encaixadas no tanque, agora no local tradicional ante sob o banco, melhorando o centro de gravidade, com capacidade de 15 litros ante os 16 litros. O guidão bem mais próximo do piloto permite os braços relaxados.
Ao ligar, sem chave, chama atenção o belo e completo painel de 6,5 polegadas em TFT. É bem verdade que a interação com o computador de bordo demanda tempo, não é muito intuitivo, mas o que importa são informações de hodômetros total e parciais, autonomia, consumo médio e instantâneo, relógio, marcha engatada, podendo ainda conectar com smartphone, de fácil leitura para o piloto seja qual for o índice de luminosidade sobre o painel.
Ao sair, o som característico da linha F, mas muito mais baixo que dos modelos anteriores, especialmente a 2008, em um escapamento que mudou para o lado direito. O rosnar atual em marcha lenta parece de um gatinho ante um leão, só se torna leão depois dos 6000 RPM quando você já está prestes a cometer infração de trânsito.
A BMW F 850 GS ficou muito melhor na tocada em ambiente urbano e rodoviário, algo que o modelo anterior parece que não se encaixava por ser off road demais. Agora, sem perder as características off road, essa BMW ficou muito mais gostosa de pilotar no asfalto. No trecho de sinuosas curvas para onde a levei, a tocada se torna, realmente, brincadeira.
A embreagem mais leve, agora é assistida e deslizante, o câmbio preciso e bem escalonado, a transmissão secundária trocou de lado, agora está a esquerda, mudança muito bem vinda, especialmente quando se lubrifica a corrente, antes só no cavalete (agora só como opcional) para não escorrer lubrificante na roda/pneu.
A ciclística foi também integralmente revista, com o quadro inteiriço e otimizado para suportar o motor como elemento estruturante aumentando a rigidez torcional e a robustez, com uma nova geometria de suspensão, em que o ângulo da coluna de direção é mais vertical e uma distância entre eixos acrescida de dois centímetros, para um total de 1593 mm. A suspensão dianteira conta com garfo telescópico invertido de 43 mm com curso de 230 mm e traseira com braço oscilante duplo em alumínio fundido, amortecedor central WAD, ajuste hidráulico da pré-carga da mola e amortecedor ajustável eletronicamente com curso de 215 mm. As rodas são com raios cruzados, sendo na dianteira de 21 polegadas vestindo pneu (sem câmara) na medida 90/90-21 e na traseira de 17 polegadas vestindo pneu na medida 150/70.
Com esses dados em mente, para quem pilotou os modelos anteriores, especialmente a 2008, em trechos de serra a F 800 GS era arisca por demais, o piloto tinha que se esforçar mais para mantê-la na linha. Agora, você sente a frente grudada no chão, ficou muito mais rápida e estável nas curvas, algo muito similar a sua irmã R 1250 GS, não comparando, mas para ilustrar.
Nota: A BMW fez um belo trabalho para mudar até vibração nessa F 850 GS. Até os 6500 RPM é irrelevante falar em vibração em qualquer marcha enganta. A partir de 6500 RPM o piloto sentirá vibração na mãos, mas nada que a torne dormente.
Para parar a F 850 GS conta com dois discos flutuantes de 305 mm, pinça flutuante de pistão duplo na dianteira e disco simples de 265 mm, pinça flutuante de pistão simples.na traseira com BMW Motorrad ABS que pode ser desligado. Nada a comentar dos freios, padrão BMW, sempre forte e progressivo, com o sistema muito bem regulado para entrar em ação só quando necessário, não é necessário mais de um dedo para alicatar o freio dianteiro.
Nota: é possível configurar o freio para off road.
Poderia falar muito mais coisas, como modos de pilotagem, controles de tração (desligável), pressão dos pneus, do incrível painel, mas não fiquei o tempo necessário para afinar essas informações, todavia, é certo que essa máquina tem qualidades superlativas em todo conjunto (chassi, suspensão, motor, conforto, ergonomia, segurança) mantendo-se apta a levar o motociclista com ou sem garupa, com muita ou pouca carga (peso máximo 445 kg) para o fim do mundo se assim quiser seu feliz proprietário. Minha intenção, foi passar um pouco da experiência dinâmica e dar uma sugestão aos especialistas de redes sociais que insiste em reclamar dos 80 cv de potência: vai andar e depois me fala com sinceridade se uma moto com essas qualidades e com 9,0 Kgfm de torque a 6250 RPM, o fará realmente lembrar de algum número que remete a potência.
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