Sabe aquela velha história de que o modelo menor ou mais simples perde a pegada, perde o tesão? Com a MTS 950 não é assim, muito pelo contrário. O que mais me chama atenção nesse modelo é sua segurança dado a eletrônica embarcada e vou exemplificar. O Bruno Farcas podemos dizer que é um novato no mundo de duas rodas, começou a pilotar há menos de 3 anos, quando me procurou para receber orientações, dicas de equipamentos e seu objetivo na época era ganhar mobilidade em meio o caos do trânsito, com a mudança da empresa em que trabalhava para Alphaville. Começou em motos de baixa cilindrada, optou por um scooter e participou comigo da avaliação. Mas, como sempre falo para todos que me procuram, tenha paciência que a graduação no mundo das duas rodas vem mais rápido do que se almeja, quando há respeito para com as próprias limitações. A gana de logo pegar uma moto de alta cilindrada não ajuda, mas atrapalha no desenvolvimento da habilidade com raras exceções. E é dessa exceções que entramos na MTS 950. Apesar do Bruno ter tido o cuidado de experimentar diversos modelos, seja alugando ou pegando de algum amigo, a compra da tão sonhada Ducati foi possível graças a sua eletrônica com a possibilidade de amansar o brinquedo. Estamos falando de um moto com 113 cv de potência a 9000 RPM e 9,8 Kgfm a 7.750 RPM, não é pouca coisa para quem tem experiência. Atrelado ao binário, você tem um motor de 2 cilindros em L que responde com brutalidade,, característica da Ducati, não espere boas maneiras da máquina italiana. O próprio fabricante informa que a 3500 RPM já está disponível 80% do torque, é literalmente um chute no estômago se estiver no modo sport. Mas, eis que a Multistrada 950, assim como suas irmãs maiores 1200 e agora 1260, vem equipada com o que considero uma das melhores eletrônicas disponíveis para o mundo de duas rodas. E o Bruno quando teve seu primeiro contato, após o susto, lembrou em programar no modo Urbano que não só aumenta o delay no acelerador, mas diminui a potência e a tornou, digamos, amigável e com sua excelente ciclística e excelentes freios ABS, se torna, porque não, uma moto para novato.Nota: No urban, a potência cai para 75cv, aumentando o nível de intrusividade do ABS e do controle de tração, aumentando o “delay” do acelerador...enfim deixando a moto apta para um novato e quem conhece minha história chata com segurança sabe da responsabilidade de tal afirmação. No modo touring continua com os 113 cv, mas o aceleração é mais, digamos, linear sem a ogrisse do sport. E ainda, tem o modo “enduro” que desliga o ABS traseiro, diminui bastante a intrusividade do controle de tração proporcionando derrapagem e deixando o acelerador quase idêntico ao touring, mas o pico de torque ocorre aos 4000 RPM. Passou um período no modo urbano, hoje o que mais utiliza é o modo touring e já tem flertado com o modo esporte. Considero isso louvável quando um fabricante tem essa preocupação, teve a grande sacada em um mesmo produto oferecer performance para ninguém colocar defeito e ao mesmo tempo se o cliente desejar e para seu maior conforto e segurança, algo único no segmento, ou seja, nenhuma moto concorrente tem opção de modular a potência da moto, tão somente, a diminuição ou aumento do delay no acelerador por modos de pilotagem. Se pudesse sintetizar em uma palavra a Multistrada 950 seria polivalência. Mas é necessário explicar o que considero polivalente: a nova MTS 950 é: Racional: na iluminação dianteira, sai o LED e entra lâmpadas de halogéneo, sai o painel de TFT e entra um Full LCD, nas suspensões entra Kayaba na dianteira e Sachs na traseira, braço oscilante semelhante da Enduro o que permite a montagem opcional de rodas raiadas, embreagem de acionamento mecânico ao invés de hidráulico; Versátil: não tenha dúvida a Multistrada 950 se mostra excelente para o uso diário e pequenas, médias e longas viagens e seu tanque de 20 litros, parece pouco, mas dá conta do recado. Aliado a boa proteção aerodinâmica, bancos do piloto e garupa confortáveis e possibilidade de acoplar malas laterais o que lhe confere grande capacidade touring ou de turismo.Pilotando Ao montar, do alto dos meus 1,65 de estatura me senti vestido pelo moto, consegui colocar os dois pés no chão, mesmo o banco com 840mm, mas há disponível como opcional banco com 820 mm ou para os avantajados 860mm; comandos dos punhos todos na posição adequada, propiciando pilotagem intuitiva e muito fácil alterar os modos de condução: sport, touring, urban e enduro pelo mesmo botão da seta e depois alterado por outro botão logo acima...muito fácil. Clica o botão da seta, altera o mapa, fecha o acelerador e pronto. O painel completo de informações propicia boa leitura, mesmo com o sol a pico e peguei dias bem claros com um sol de uns 35º. Mesmo com a roda dianteira de 19 polegadas, a mudança de direção é muito rápida e neutra, em um trecho serra, você em 2ª marcha, motor cheio, inclinado para direita, tem obrigatoriamente que mudar a trajetória para esquerda e iniciar um declive. A ciclística passa tanta confiança que curva após curva, a tendência é ir aumentando o ritmo, necessário muita consciência e lembrar que via pública não é o lugar ideal. Na cidade passa fácil por corredores, atropela as imperfeições do asfalto e o calor do motor não incomoda. A Ducati privilegiou o acerto de suspensão para o conforto, todavia, tanto a dianteira como a traseira é possível configurar de acordo com o gosto do piloto. Não mexi em nada, mas com certeza na traseira com garupa seria necessário alterar a pré-carga, sem necessidade de ferramenta. Outro ponto positivo vai para proteção aerodinâmica e assim como sua irmã 1260, é possível ajustar o parabrisa ou bolha acionando uma pequena alavanca, sem necessidade de parar a pilotagem. Quanto aos freios: simplesmente impecáveis com pedigree Brembo com ABS, controlado pela unidade de controle Bosch 9.1 MP com sensor de pressão integrado, que é parte do Pacote de Segurança Ducati (DSP). O sistema de 3 níveis garante estabilidade em qualquer condição de pilotagem por sua integração completa com os Modos de Pilotagem. Algo que também chama atenção. facilmente constatável é a vibração mínima que não incomoda em qualquer faixa de rotação ou marcha engatada, o acionamento da embreagem achei leve e macia, apesar de não ser hidraúlica, o câmbio está bem escalonado e está cada vez mais parecido com as japonesas, ou seja, não encontrei falso neutro, o motor Testatretta 11º bicilindrico em L de exatos 937 cc é bem linear, proporcionando por exemplo pilotar a 50km/h em 4ª marcha sem os velhos engasgos. Deixei para o fim os pneus: Pirelli Scorpion Trail II que casou perfeitamente com a Multistrada 950, aliás, segundo o representante da fabricante de pneus, foi desenvolvido especialmente para a nova Ducati. Sinceramente, achei excelente no asfalto, propiciando grandes inclinações. Por fim, o salgado preço de R$ 59.900,00 justifica o produto. Infelizmente tudo está caro no Brasil, realmente, a Ducati Multistrada 950 oferece um pacote, especialmente eletrônica, que está um degrau acima das demais, mas quando você olha os produtos concorrentes, especialmente concorrente diretos com bom pacote eletrônico é oferecido aquecimento de manopla e controle de cruzeiro, aliás a principal reclamação do Bruno é a ausência do tal “piloto automático”. A Ducati Brasil bem que pode pensar na versão já disponível na Itália, mas se aumentar o preço entra em outro segmento. Mais informações, agendamente de test ride e ficha técnica, click aqui