Se pudesse sintetizar em uma palavra a Kawasaki Ninja 400, que pude rodar por uma semana exatos 715 km: instigante. Se você procurar os sinônimos de instigante, vai perceber que é exatamente assim que você fica ao pilotar essa pequena grande esportiva: excitado, estimulado, animado, sedutor, qualidades que afloram a pele com aquele sorriso que ninguém pode ver, devido ao capacete. Quando sai da sede da Kawasaki com a Ninja 400 e virei a primeira esquina, mais uma vez me veio a lembrança de não ter podido estar presente ao seu lançamento no Haras Tuiuti em agosto de 2018, local adequado para levá-lo ao extremo, exatos 10 anos depois do lançamento da Ninja 250R que revolucionou o segmento de motocicletas no Brasil. Olhando para ela, você nota a beleza a fluidez do desenho, a cara de má com um olhar penetrante dado seu farol em LED, você nota uma aparência mais volumosa digna de moto de maior cilindrada, os spoilers da parte inferior da carenagem foram inspirados nas irmãs maiores Ninja H2 e Ninja ZX-10-R, as luzes de direção são embutidas, dando uma aparência esportiva e elegante e a rabeta também inspirada na irmã H2 com luzes de direção mais afiladas e o design da lanterna em LED, também, inspirada na Ninja ZX-10R. Ao montar, você nota o tanque de combustível mais inclinado à frente e mais estreito onde ficam posicionadas as pernas do piloto, proporcionando bom contato com a moto, altura do assento é a mesma da Ninja 300, mas graças ao design estreito atrelado as pedaleiras bem posicionadas ligeiramente mais à frente, colaborando para uma posição de pilotagem confortável, e estão fora do caminho quando o motociclista quiser colocar os pés no chão, os espelhos retrovisores em novos suportes, posicionados mais afastado o que confere maior campo visual durante a pilotagem. A carenagem de maior volume é perceptível durante a pilotagem, a melhor proteção aerodinâmica contra o vento, especialmente quando se compara a sua antecessora e sua concorrente direta Yamaha R3, conferindo maior conforto na estrada. A Kawasaki afirma que o design ajuda a extrair ar quente para fora do compartimento do motor, que falo daqui a pouco.Nota: Sem exagero, a Kawasaki podia pensar em uma versão touring para a Ninja 400 igual a Ninja 1000 Tourer. Os comandos do guidão estão posicionados mais próximos do que na Ninja 300, o que melhora o conforto e os botões todos no seu devido lugar e propiciando uma pilotagem intuitiva. Nota: Sempre necessário lembrar que ergonomia interfere diretamente na pilotagem e também não canso de afirmar que no setor de duas rodas, a Kawasaki é referência na ergonomia dos punhos, mesmo das motos com toda eletrônica embarcada. Os punhos são limpos (clean) e excelentes ao toque. O painel conta com tela em LCD em display negativo (informações em pixels iluminados em fundo escuro) que, além de velocímetro digital e do indicador de marcha, inclui hodômetros total e dois parciais, autonomia restante (range), consumos médio e instantâneo, temperatura externa, temperatura do líquido de arrefecimento, relógio e indicador de pilotagem econômica. O painel é bonito e igual ao da outra irmã touring Ninja 1000, todavia, dependendo da luminosidade e reflexo do sol, fica difícil a leitura. O novo chassi em treliça de alta rigidez da Ninja 400 tem design semelhante ao da H2 em estilo supersport, ou seja, com distância entre-eixos mais curta, 1.370mm (antes 1.405mm) e braço oscilante mais longo, complementado por um ângulo de cáster menor. Para este projeto, uma extensa análise de rigidez dinâmica foi realizada pela Kawasaki para alcançar a solidez ideal, mantendo o baixo peso. E este trabalho resultou num chassi estável e leve, facilitando o controle durante a pilotagem ou mesmo o manuseio da moto desligada. Nesse novo projeto de motor e chassi foi possível otimizar o posicionamento do propulsor, montando-o como parte da estrutura para aumentar a rigidez do conjunto e reduzir peso. Mais uma semelhança com a Ninja H2 vem da montagem do braço oscilante, agora fixado à parte traseira do motor. Isso significa maior estabilidade e nova diminuição de peso, já que elimina a necessidade de componentes. O motor de 2 cilindros paralelos, DOHC 8 válvulas, arrefecido à líquido com deslocamento de 399cc, oferece 48 cv de potência à 10.000 RPM e 3,9 Kgfm de torque à 8.000 RPM, merece um capítulo à parte, mas uma coisa é certa: a Kawasaki trabalhou para diminuir seu peso, inclusive utilizando recursos aplicados só em moto de alta cilindrada. Se quiser conhecer esses detalhes, click aqui. Simplesmente em trechos urbanos ou de rodovia não falta fôlego, a Ninja 400 tem torque abundante desde os 1500 RPM, o giro cresce rápido e em um piscar de olhos a velocidade já está em três dígitos.Ainda na cidade, você pode andar em 4ª marcha a míseros 50 Km/h e basta girar o acelerador para o motor encher rápido. Na velha disputa Ninja x R3 ou Kawasaki x Yamaha, desta vez a moto dos diapasões vai ficar comendo poeira, não pela potência um pouco maior, mas, especialmente, pela disposição do motor, pelo torque em baixa que a Kawa tem de sobra. A embreagem assistida e deslizante, (sua concorrente R3 não dispõe) o que significa não travar a roda traseira em reduções bruscas, segundo o fabricante é 20% mais leve, casa bem com o câmbio com marchas bem escalonadas e precisos como um relógio suíço sem falsos neutros.Nota: Quando você está pilotando a Ninja 400 e pega um trecho de serra com aclives e declives, você nota o primor da engenharia de Akishi, pois a moto está colada ao chão e qualquer que seja o raio da curva, simplesmente a moto não oscila é como se estivesse cravada em trilhos. A pilotagem se torna extremamente divertida e prazerosa, sendo possível mudanças rápidas de direção e, até mesmo, frear bem mais dentro da curva e saindo feito um foguete. O design mais leve resultou em 8 Kg a menos em relação a Ninja 300, ou seja, a Ninja 400 tem apenas 168 Kg em ordem de marcha, mesma faixa de peso de modelos monocilíndricos. A suspensão com garfo telescópico de 41 mm (antes 37 mm) com curso de 120 mm na dianteira e amortecedor a gás com ajuste (cinco) de pré-carga da mola e atuação no link com 130 de curso, atrelado ao ângulo de inclinação do cáster em 24,7º é o que torna a sensação do piloto de que a moto está, como disse, colado ao chão e facilitando as mudanças de direção. Para parar a Kawasaki equipou a Ninja 400 com disco dianteiro semi-flutuante de 310 mm (o mesmo utilizado na Ninja ZX-14R) com pinça de dois pistões, e na traseira disco de 220 mm é acionado, também, por uma pinça com dois pistões. , ambos com sistema ABS da Nissin que sofreu um aprimoramento bem significativo, que resulta no funcionamento do ABS, realmente, quando se perde aderência, bem como em um retorno menos assustador. isso é um ponto positivo quando levá-la para um track day, onde se abusa bem mais nas frenagens. As belas rodas de cinco pontas, semelhantes à Ninja 650 contribuem para o baixo peso, calçada com pneus radiais Pirelli Diablo Rosso II, dianteiro 110/70R17 M/C 54H e traseiro com 150/60R17 M/C 66H. Na cidade o piloto não se sentirá incomodado com o calor emanado do motor, porque não vem para suas pernas, no corredor há momentos que basta fechar as hastes dos retrovisores que passa feito uma moto utilitária. A Kawasaki reinou com a NInja 250R, sofreu com a Ninja 300 dado o surgimento da concorrente Yamaha R3 e aposto minhas fichas que voltará a reinar com a Ninja 400 que tem superlativos de sobra para bater sua concorrente especialmente pela abundância de torque em baixa rotação que faz o motor encher rápido e a velocidade aumentar exponencialmente. Sua concorrente levou um banho recente de perfumaria, mas isso nada influi quando falamos de performance, principal atrativo em quem busca uma moto desse calibre. 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