Avaliamos Kawasaki Versys-X 300: Versatilidade com racionalidade
A caçula da linha Versys surpreende pela ergonomia, conforto, robustez e economia de combustível
Moto Segurança e Trânsito|André Garcia, do R7
Não é de hoje que a indústria de motocicletas tem trabalhado para criar produtos que atenda o desejo do consumidor.
O nome Versys remete a versatilidade e vide as 650 e 1000 que é possível usar no dia a dia e ou viajar longas distâncias, aliando boa dose de esportividade.
Ai a Kawasaki lança a caçula com mesmo nome, com 300 cilindradas e o tempero é a racionalidade, ainda, com um “X” que remete ao uso em qualquer piso.
Versatilidade remete a polivalência, vários usos ou utilizações e racionalidade remete a razão. É difícil escolher uma moto pela razão, mas nos dias de hoje, com gasolina o olho da cara, nada melhor que algo econômico, que funcione como um relógio suíço com manutenção de baixo custo e ainda oferecendo boa performance.
E nos dias que estive com essa moto, pensei em vários alunos atendidos pelo Projeto Motociclismo com Segurança em parceria com o Centro Paula Souza, que na troca de ideias sobre qual a moto ideal, eis que, finalmente tenho a resposta.
Nota: Para quem pega via rápida e leva garupa, o mínimo é uma 250cc. Se ainda for no estilo trail, melhor ainda e com ABS nas duas rodas.
Olhando para a Versys-X 300 você nota um desenho reto, bem resolvido, conferindo identidade própria, seu farol lembra a KLX 650, que nunca veio para o Brasil e, salvo engano, só é oferecido no mercado americano.
Ao sentar na máquina você já nota a excelente ergonomia: braços relaxados no largo guidão, pés bem posicionados, punhos com botões todos nos lugares conferindo uma pilotagem intuitiva, banco confortável, não achei tão duro como escutei falar. Garupa também vai muito bem servida dado ao espaço e densidade de espuma do banco. E pilotar de pé é puro conforto, ao menos para este que vos escreve do alto dos 1,65 de estatura.
Nota: Aliás, não canso de falar que a Kawasaki é referência em ergonomia, mesmo quando uma moto como a recém lançada Versys 1000 GT com uma parafernália eletrônica, mantém o punho limpo e o piloto jamais vai tirar os olhos da via para procurar o que precisa. Leia aqui matéria sobre Ergonomia.
Ao sair você já nota a excelente ciclística, muito fácil de andar em baixa velocidade com total controle e o que mais chama atenção é a maciez da embreagem, quando retirei a moto, dado minha cara de espanto o mecânico afirmou que não estava quebrado. Um detalhe importante: é assistida e deslizante utiliza dois tipos de mecanismos. Atua como limitadora do freio motor como um servo-mecanismo que permite um acionamento mais leve no manete de embreagem, contribuindo para uma condução suave e confortável, em outras palavras em uma reduzida não corre o risco de travar a roda traseira.
Ao acelerar você já nota força desde as baixas rotações e uma esperteza que faz sair mais rápido em um semáforo, na cidade ela é uma delícia, pois você está em posição ereta, confortável, com a moto na mão. A suavidade e elasticidade desse motor é tamanha que é possível você andar até em 5ª marcha a 30 ou 40 km/h e basta girar o manopla direita para o giro subir rápido. Outra característica que a deixa deliciosa são os cursos de suspensão de 130mm na dianteira (garfo de 41 mm) e 148mm na traseira (uni-track com pré-carga de mola ajustável), ok, talvez não seja lá um curso longo de suspensão para um trail, mas atrelado as rodas de 19 polegadas na dianteira e 17 polegadas na traseira raiadas com os pneus MT 60 da Pirelli, que apesar da informação sem câmara, tem câmara devido a roda raiada não selada, o rodar é bem macio e confesso que, propositadamente, mirava em cada burco e ondulação nas andanças por São Paulo.
Nos corredores você vai bem, vez ou outra enrosca em algum SUV, mas, como sempre falo, o problema é a política de estreitamento da faixa de rolamento, zigzaguear é muito fácil entre os carros, isso demonstra o bom equilíbrio da Versys-X 300.
Quando você vai para rodovia a sensação que você tem, é que o motor trabalha estrangulado e graças ao belo e completo painel que tem indicador de marcha, você não vai jogar marcha pra cima, mesmo quando estiver em 6ª marcha.
Aqui cabe uma explicação: o motor é o mesmo bicilíndrico de 296cc (2 cilindros paralelos, refrigeração líquida) da Ninja e da Z, motor que tem concepção esportiva para trabalhar em alta rotação.Como o estilo da Versys-X 300 remete ao uso fora de estrada, especialmente devido ao “x” e sabemos que fora de estrada é necessário torque em baixa rotação, a engenharia da Kawasaki decidiu pela troca da coroa para o tamanho de 46 dentes, frente ao de 42 dentes da Ninja e da Z, com isso a relação final de transmissão ficou em 3,286 (46/14) na Versys contra 3,000 (41/14) na Ninjinha e na Z. Não houve qualquer alteração no motor e não houve troca do pinhão, portanto com a coroa maior, ganhou mais força em baixa em detrimento da velocidade final. Sensação que você se acostuma, mas eu na minha Versys-X 300 trocaria a coroa para 42 dentes.
Nota: o motor tem 40 cv a 11.500 RPM e 2,6 Kgfm de torque a 10.000 RPM.
Mas, a Versys X-300 não nega fogo, o som fica enfurecido a partir dos 6000 RPM, roda bem na rodovia podendo manter velocidade de 150 km/h a 10.000 RPM e calculo que chegue até os 160/170 km/h já na zona vermelha dos 11.000RPM. A 120 km/h o motor trabalha na rotação de 8.000 RPM, em qualquer faixa de rotação é temerário falar em vibração e aí vai uma grande vantagem em relação as monocilíndricas na mesma faixa de cilindrada, com a Versys você vai cansar menos, além de ter mais moto. Outra vantagem é que em uma ultrapassagem, é sua opção reduzir ou não a marcha, pois em 6ª marcha entre 100 a 120 km/h, é só girar o acelerador que o motor continua crescendo. Com garupa vai ser necessário reduzir para uma 5ª marcha, mas não chega ser ponto negativo.
A bolha é mais bonita do que útil, sinceramente em alta velocidade desvia pouco vento, ou seja, confere pouca proteção aerodinâmica, mas mantém o capacete limpo de insetos.
Voltando a falar do painel é, realmente, lindo, o mesmo das irmãs maiores como Ninja 1000, com todas as informações um tacômetro analógico central, ladeado por um indicador de marchas e uma tela LCD multifuncional com média de consumo, consumo instantâneo, hora, hodômetros total e parciais 1 e 2. Mas, aqui fica uma sugestão a Kawasaki: como o farol alto pode ser acionado pelo lampejador, corretamente posicionado para ser acionado pelo dedo indicador esquerdo, não tem necessidade o botão fixo de luz alta, poderia esse botão servir para acionar o computador de bordo, ficando perfeito a configuração.
A versão que avaliei é a Tourer com malas laterais, protetores de mão e de motor, faróis auxiliares, tomada de 12 v e cavalete central. Aliás, manobrar a Versys-X 300 é fácil, não requer descer da moto e muito fácil colocar no cavalete. Isso demonstra a boa distribuição de peso. Não acho seus 175 Kg pesado.
Respondendo a perguntas, creio que o fabricante optou pelas malas e não pelo top case, primeiro porque as malas laterais é necessário verificar e limitar a largura da moto e o top case é pessoal, ao gosto do cliente que pode optar por diferentes tamanhos, algo que não pode se fazer com as malas laterais. Evidente que o consumidor pode trocar, desde que respeitando os parâmetros impostos pela fábrica que pensou na segurança.
Nota: eu tirei as malas laterais para rodar no dia a dia. É necessário utilizar ferramentas que vem embaixo do banco. Pessoalmente, prefiro as malas que vem na Versys 650 e 1000.
É uma moto robusta com ciclística irrepreensível, acelera bem, freia muito bem (freio dianteiro com disco de 290 mm em formato margarida com pinça de pistão duplo e traseiro com 220 mm em formato margarida com pinça de pistão simples) e é dotada de sistema ABS nas duas rodas que está muito bem regulado ou dosado não interferindo na frenagem ou só atuando quando, realmente, há frenagem em ondulações e ou piso sem ou pouca aderência. Seu conjunto óptico é bom, oferecendo boa iluminação, evidentemente que a Kawasaki não dotou de led por uma questão de custo.
Muito econômica e eu teria que ficar mais tempo com ela para fazer vários tanques, já que em uma semana, só abasteci uma única vez, rodei mais de 350 km, devolvi sem entrar na reserva, ou seja, média acima de 25 km/l. Infelizmente não rodei mais, dado problemas de uma gripe que, literalmente, me derrubou.
Preço: R$ 26.490,00 na versão Tourer (incluso ABS e acessórios) e R$ 23.340,00 na versão ABS. Ambas já no modelo 2020 anunciado no site do fabricante.
Falar de preço é algo difícil, mas o que o consumidor precisa levar em consideração é o que ele vai levar para casa. É aí que entra a razão e o título da matéria não foi por acaso, não vejo concorrentes para a Kawasaki Versys X-300 mesmo sendo na mesma faixa de cilindrada das concorrentes com 1 cilindro, todavia, quer seja pela qualidade de construção, quer seja para performance, quer seja pela segurança oferecida, simplesmente não tem comparação. É sem sombra de dúvidas uma moto premium.
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