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Segurança Viária e INMETRO: Órgão Técnico ou Balcão de Negócios

Conjunto de transmissão da motocicleta pode ser causa de acidente de trânsito com morte

Moto Segurança e Trânsito|André Garcia, do R7

Durante palestra na Rede Record, explicando a importância da relação na motocicleta
Durante palestra na Rede Record, explicando a importância da relação na motocicleta Durante palestra na Rede Record, explicando a importância da relação na motocicleta

Quando iniciei o estudo para esta matéria, duas questões me vieram à mente: o que é segurança viária? E por que o leitor precisa ter conhecimento da questão a ser aqui tratada?

A primeira resposta a grosso modo é fácil: conjunto de medidas, disposições e normas existentes em relação à circulação de pessoas e veículos pelas ruas e rodovias, com o objetivo de prevenir acidentes de trânsito. Detalhe, quando realizei o curso de “Auditor de Segurança Viária” pela Fundación Mapfre Espanha, perceptível com nitidez o controle que o Parlamento da União Europeia tem sobre segurança viária e exige muito na qualidade de veículos, dispositivos que auxiliem no aumento de segurança, neutralizando o erro humano (ABS, Controle de tração etc…), a ACEM (Associação dos Fabricantes de Motocicleta) espernearam, o cronograma foi cumprido e o sistema ABS passou equipar todas as motos a partir de 125cc em 01/01/2016, há controle até nos equipamentos (EPI´s) do motociclista com certificação CE(Comunidade Europeia) 1 ou 2, sendo que o 2 equivale no mínimo ao dobro da neutralização de impacto medido por KN em relação ao CE 1 e, óbvio, peças de reposição não fogem ao controle de qualidade, apesar de enxergar, ainda, várias lacunas. Todavia, auditoria serve para aprimorar a legislação e controle Estatal. Ou seja, se fica demonstrado por meio de auditoria, como ocorre em todos os acidentes nos países membros da União Européia, que a causa foi o veículo ou uma reles peça, o fabricante está ferrado. Lá não existe o jeitinho ou quebra-galho...nada disso, no mínimo indenização e cadeia.

A segunda resposta, trata-se da função social da imprensa e o quanto é grandioso essa instituição, remetendo-me às discussões de pauta com meu primeiro editor Ryo Harada, quando deixávamos uma cadeira sem ninguém sentar, onde figurativamente ali estava o leitor. A imprensa não pode ser omissa ou tendenciosa.

Não é de hoje que falo para os leitores buscarem informação na internet, sempre lembrando que ela pode ser sua maior aliada ou a sua maior desgraça. Depende da sua capacidade de pensar, analisar e criticar.

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Conjunto é responsável em transferir força do motor para roda traseira
Conjunto é responsável em transferir força do motor para roda traseira Conjunto é responsável em transferir força do motor para roda traseira

Quem anda de moto, sabe da importância do conjunto de transmissão do veículo de duas rodas - motocicleta, vulgo relação.

Trocar a relação de uma moto é bem mais fácil e barato que a relação de um matrimônio, como sempre brincamos no mundo das duas rodas.

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Eis que desde 2014, arrasta-se uma discussão para a certificação dos itens que forma o conjunto: pinhão, coroa e corrente.

Em janeiro de 2014 com a publicação da Portaria 123/2014 do INMETRO, a certificação tornou-se facultativo, apesar da norma falar em compulsoriedade. Explico: prazos e mais prazos para entrar em vigência. 

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Muita água rolou nesses 4 anos, portarias publicadas, normatização técnica que na minha modesta opinião levou em consideração muito mais a questão comercial do que propriamente a tecnicidade da engenharia mecânica que resulta em maior segurança para o usuário ou consumidor, vulgo motoqueiro ou motociclista que por sua vez sempre está no habitat viário.

Explico: para que a relação tenha certa resistência e durabilidade, é necessário que seus três componentes tenham equivalência de dureza entre si, o que em engenharia é estudado na matéria Tribologia ou ciência aplicada que estuda o fenômeno do atrito, no caso entre os três componentes.

Não precisa ser gênio, engenheiro, adivinho ou consultar a Mãe Diná para chegar a conclusão de que se a coroa for de material menos resistente, vulgarmente, podemos falar em moleza, o conjunto estará todo prejudicado, já que exemplificando: na mesma equivalência de dureza o conjunto pode ultrapassar os 25 mil km, sendo limpo, lubrificado e ajustado, em outro caso, se o pinhão e a corrente podem ultrapassar os 25 mil km e a coroa durar só até 8 mil km, o conjunto todo terá que ser trocado, ou seja, um só componente compromete a vida útil de todo o sistema que obrigatoriamente tem que ser trocado.

É de suma importância que conjunto tenha qualidade
É de suma importância que conjunto tenha qualidade É de suma importância que conjunto tenha qualidade

Sem mencionar no alto risco de acidente, já que a coroa sofrerá deformação e tal episódio pode sim resultar em quebra do sistema. Quem anda de moto sabe que se quebrar um item da relação o caboclo pode ser catapultado e as consequencias serem nefastas.

Ahhhh André, mas como você chegou a tal conclusão?

Respondo: Estudando.

Primeiro você precisa entender um pouquinho, já disse, não precisa ser engenheiro, para saber o que é grau de dureza HRC e HRA, que a grosso modo são sistemas que medem a dureza de uma peça dentada. A grosso modo HRC é mais duro que HRA. Mas dependendo do tratamento dado a peça em HRA, pode chegar na equivalência em HRC. Dureza Rockwell é um método de dureza.

Depois, você pode buscar uma tabela onde se faça a conversão de uma e outra, como esta aqui, clicando aqui.

Outro item de suma importância é o tratamento de têmpera dado a coroa para aumentar a dureza e resistência do componente. Leia aqui sobre isso

Só para o leitor ter uma breve noção, enquanto a coroa na dureza HRC com têmpera que sai na moto de fábrica aguenta 150 Kgf, na especificação que tentam empurrar para o consumidor aguenta 60 Kgf sem têmpera.

É de estranhar tanta discussão no que parece óbvio, especialmente quando envolve o INMETRO que sempre foi respeitado por conduzir as questões pela ordem técnica e não comercial.

Não importa a cilindrada da moto. Conjunto de transmissão deve aliar qualidade e durabilidade
Não importa a cilindrada da moto. Conjunto de transmissão deve aliar qualidade e durabilidade Não importa a cilindrada da moto. Conjunto de transmissão deve aliar qualidade e durabilidade

Pressão? Por enquanto não vem ao caso, mas estou muito bem municiado de documentos (e óbvio espalhado para entes amigos da mais estrita confiança), desde que pedi um estudo técnico sobre ergonomia à outra instituição e ela simplesmente me enviou a resposta do fabricante envolvido. Isso mesmo, não foi ela que se deu ao trabalho de analisar o pedido, enviou para o envolvido. É como se um Juiz julgasse o próprio processo. Vai achando que só falta ética na política e no Supremo Tribunal Federal.

Tudo que for relacionado a segurança viária, sou inflexível. Não existe “mais ou menos” para segurança viária, seja para qual item for, de uma inocente coroa ou um punho que não oferece ergonomia. Sobre ergonomia click aqui

Portanto Senhor INMETRO, se a Portaria sob nº 45, de 27 de janeiro de 2014, determinou no artigo 7.2.3 que a dureza da coroa deve estar entre 30 e 55 HRC, mesmo padrão encontrado na moto nova vendida pelas montadoras ou fabricantes de motocicletas, não há que se falar em reduzir isso para 54 a 79 HRA que não tem a equivalência mínima em HRC e no máximo em 56 HRC, ou seja, muito abaixo do mínimo permitido na motos que saem de fábrica para peças de reposição.

Para quê realizar Consulta Pública cujo objetivo é reduzir a qualidade da coroa e consequentemente a segurança do usuário da motocicleta?

Por que permitir que as peças de reposição de item tão importante e necessário no veículo de duas rodas, seja de qualidade e durabilidade muito inferior à original?

Seria tal jogada, a permissão para invasão chinesa?

Sinceramente, não sei e por este motivo, o título dessa matéria é mais do que oportuno. Todavia, o INMETRO goza, ainda, de boa reputação e credibilidade e Oxalá que isso não seja destruído pela ganância de poucos.

Regulamentação do INMETRO foca motos até 400cc
Regulamentação do INMETRO foca motos até 400cc Regulamentação do INMETRO foca motos até 400cc

Uma coisa é certa: 1) o consumidor precisa ler manual do usuário da moto, bula de remédio e sim o descritivo de uma peça; 2) Não tem cabimento o INMETRO mudar a Portaria permitindo que a dureza da coroa passe para o parâmetro 54,0 e 79 HRA, além de tornar compulsório (de verdade) a certificação ao invés de facultativo

Desafio: quem defende a frágil coroa, está convidado a ir na minha garupa em uma moto em Interlagos na velocidade máxima que deve ser em torno de 100 km/h, depois que essa coroa já tenha rodado pelo menos uns 8 mil km com um motoboy. Eu providencio o equipamento e a ambulância.

O canal está aberto a quem quiser se manifestar, inclusive o INMETRO, assim como, é um hábito cidadão, acionar o Ministério Público e a Comissão do Advogado Motociclista da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção São Paulo, do qual sou membro. E que órgãos, como IDEC, cumpram sua função.

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